Publicado às 11h35
Por Cristina Braga
Ao dizer que a cidade estava um “lixo vivo”, antes de assumir o posto de prefeito, João Doria (PSDB) chegou a se vestir de gari para exaltar o programa “Cidade Linda”, prioridade da gestão municipal. Na prática, entretanto, a zeladoria da cidade recebeu inúmeras reclamações. Herdeiro do posto, Bruno Covas, em seus primeiros meses, reduziu a quantidade de lixo recolhido nas ruas e os gastos com serviços essenciais, como varrição, capinação, lavagem de rua e pintura de meio fio, acumulando mais queixas. “As vias secundárias estão abandonadas e esburacadas. Basta andar pela cidade”, aponta Luiz Thomé, morador da região. Em coro, Marlene Porto arrisca dar “nota zero para a varrição” nos distritos de Santa Mônica, Pirituba e São Domingos. “O córrego está imundo.”
Em São Paulo, os números são superlativos. No ano passado, o orçamento destinado à zeladoria foi de, aproximadamente, R$ 515 milhões, segundo a Secretaria Municipal de Subprefeituras. Para 2019, a previsão é de R$ 577 mi. Até o mês passado, a Prefeitura operava com contratos emergenciais, para não interromper a varrição de rua. É justamente este serviço que mais consome dinheiro: R$ 1,2 bilhão por ano. Diante das reclamações, o próprio prefeito reconhece que os índices estão longe do nível de excelência, embora tenham
melhorado. “Espero deixar a cidade melhor do que em 2018.”
Para o advogado Antônio Fernando Pinheiro Pedro, não há trabalho sério no cuidado com o espaço público. “Haddad entregou o centro de São Paulo para moradores de rua e comércio ambulante. Doria, por sua vez, permitiu a ocupação ilegal ao longo da CPTM”, alerta.
De acordo com a Prefeitura, entre janeiro e outubro de 2018, foram registrados 87.032 pedidos de tapa-buraco às subprefeituras e executados 194.569. Já em relação à poda de árvores, foram 51.089 solicitações e realizados 89.445 serviços.
Na Lapa, região que sofre com quedas de árvores durante as fortes chuvas, a Subprefeitura sublinha que são feitas 400 podas mensais. “Hoje, são seis equipes responsáveis por uma das maiores solicitações dos
munícipes.” Porém, em Pirituba, por exemplo, só há um agrônomo disponível para avaliar a questão, onde seriam necessários quatro, já que a regional abraça um contingente de 400 mil moradores. “Andar no Jaraguá
é como participar de um rally”, ironiza o leitor Amarildo Rapaci, que considera o bairro como esquecido de recapeamento e asfalto novo pelo poder público.
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