Publicado às 15h52
Por Cristina Braga
A verdadeira música “caipira”, a música raiz foi tema de homenagem na Câmara Municipal de São Paulo, no último dia 14, às 19 horas, no Salão Nobre. O evento marca a lei nº 15.145/10, de iniciativa do vereador professor Eliseu Gabriel (PSB), que desde 2010 inseriu o Dia da Música Raiz no Calendário Oficial de Eventos da Cidade de São Paulo. A produção é de Paulo Leite.
Aberta ao público, a comemoração teve muita moda de viola e homenagem a diversas duplas e entidades do setor. “Essa é uma maneira de enaltecer uma das formas mais genuínas da cultura brasileira. Precisamos resgatar os nossos valores, preservar a nossa história”, destaca Eliseu. A banda da Guarda Civil Metropolitana abriu a cerimônia e após os pronunciamentos oficiais o evento foi iniciado com Sereno e Tiãozinho, legítima dupla sertaneja raíz. Destaque para a artista Meire Galvão ( das Irmãs Galvão) que falou sobre seus 78 anos de carreira e a importância desta homenagem aos artistas brasileiros.
Foram agraciados na solenidade por enaltecer esse gênero da cultura brasileira:
Simone Esperança e Tais Picini – A dupla canta e toca desde 2016, mas o vínculo com a música não é de agora. Ambas são fonoaudiólogas, mestres em distúrbios da comunicação humana e pesquisadoras do gênero musical Sertanejo Raiz. São cantoras, instrumentistas e produtoras vocais de algumas orquestras de viola caipira. Contribuíram para a ampliação do conhecimento científico sobre os benefícios que habilidades musicais podem proporcionar ao cérebro e suas funções.
Mário Campanha ( marido de Meire Galvão) – filho caçula de uma família de dez irmãos, aprendeu a tocar violão com seus irmãos mais velhos. Aos 16 anos já participava de três bandas. Logo mais, passou a ser guitarrista na banda do cantor Antonio Marcos, experiência que durou por mais de uma década. Nesse período, também compôs inúmeras canções. Em seguida, foi convidado para produzir o cantor Ciro Aguiar e não parou mais. Produziu e arranjou artistas como Roberta Miranda, Matogrosso e Matias, As Galvão, Cezar e Paulinho, João Paulo e Daniel, Amado Batista, Guto e Nando, Di Paulo e Paulino, Liu e Leo, Zezé de Camargo e Luciano.
Cristiano Carvalho e Odilon –a dupla, que está formada desde 2016, tem contato com a música raiz desde muito cedo. Ambos construíram carreira com outros cantores. Cristiano fez dupla com seu irmão Rafael por 20 anos. Juntos gravaram seis CDs e um DVD com repertório totalmente caipira. A dupla se desfez em razão do falecimento de Rafael, em 2014. Odilon vinha de três formações anteriores: com Tião do Carro (Já falecido), com Rio Pardo, e por último, com Amargo (também já falecido). Foram mais de uma dezena de CDs lançados. Cristiano Carvalho e Odilon foi um feliz encontro com várias afinidades, além do amor pela música caipira, decidiram se unir e começar uma nova jornada. Como fruto desse trabalho, gravaram, em 2017, “Lamento de Caboclo”, o primeiro CD da dupla.
Batista Alencar – filho de cearense, criado em Goiás, é apaixonado pela música sertaneja desde menino, quando ouvia o programa do Zé Béttio e sonhava trabalhar com grandes artistas da música nacional. Há nove anos apresenta o Programa Arena Sertaneja, na TVA. Há duas décadas atua no mercado de show business fazendo a produção de diversos artistas. Hoje, também faz parte da equipe Sérgio Reis Produções.
Moacyr e Sandra – Desde 1995 formam dupla nos palcos. E, em 1998, constituíram uma única família. No ano de 2005, no programa Viola Minha Viola, da inesquecível Inezita Barroso – que foi homenageada em vida pelo vereador Eliseu Gabriel – eles lançaram o primeiro CD, intitulado “Moacyr e Sandra com jeitinho caipira”. Em 2017, lançaram “Moacy e Sandra Afinados com a viola”, que conta com a participação das “mãedrinhas” da dupla, As Galvão. Atualmente, estão viajando por todo o país como show do mesmo nome.
João Miranda – filho de pais lavradores, adquiriu, ainda muito pequeno, o gosto pela música raiz. Aos nove anos já participava de festivais regionais cantando suas próprias composições. Sempre levava o primeiro lugar. Ao longo de sua carreira gravou com Milionário e José Rico; Goiano e Paranaense; João Mulato e Pardinho; Dalvan, Guilherme e Santiago; Trio Parada Dura; Peão Carreiro e Praense; Sérgio Reis; o Rei Roberto Carlos; Inezita Barroso e muitos, muitos outros. João Miranda é o compositor Caneta de Ouro da Música Raiz, título outorgado pelo Ministério da Cultura.
Homenagem também a Adão da Viola e Gardel – a dupla genuinamente raiz.
Rozini Instrumentos Musicais – Em meados da década de 90, José Roberto Rozini, então representante comercial do mercado de instrumentos musicais, em uma de suas habituais visitas a clientes, encontra casualmente José Pereira, experiente Luthier – profissional especializado na construção e no reparo de instrumentos de corda, como guitarra e volino. Zé Pereira entregava nesta loja alguns de seus cavaquinhos artesanais, quando o Zé Rozini percebeu ali uma oportunidade. Deste encontro, depois de um bom bate papo, Zé Rozini com seu grande tino comercial, passou a revender os cavaquinhos de Zé Pereira. Não foi necessário muito tempo para os dois amigos sentarem novamente para uma nova conversa e, então, decidirem pelo nascimento de uma nova empresa. Foi assim que, em 1995, a Rozini começou suas atividades. Depois dos cavaquinhos vieram os banjos, violões e então a viola caipira.
Jucimara Lins – como ela gosta de contar, “deus deu a ela o diploma no berço”. Aos três anos já cantarolava. Aos cinco arranhava o violão. Muito jovem fez dupla com seu pai – eram “Joãozinho e Jucimara”. A carreira estava definida aí. Após fazer duplas, cantar em trio, segue agora o caminho da música solo fazendo shows por todo o Brasil, mostrando todo o seu dom especial com a música raiz e a viola caipira. Em sua nova fase, ela já foi destaque em diversos programas de rádio e TV.
Abas – Associação Brasileira dos Artistas Sertanejos – fundada em 1975 com o objetivo de sempre atuar em defesa da cultura sertaneja raíz. Nessas mais de quatro décadas, mantém acesa a chama da música sertaneja no município em todo território nacional. Quem recebeu a homenagem é o presidente da associação, Roque Prata.
João Rafino – Comunicador de sucesso há mais de 20 anos, ele está no ar todas as manhãs pela Rádio Regional FM 87.7 com seu programa “Sertão Brasil”, que também é transmitido online. Conhecedor e apaixonado por música sertaneja, ele abre as espaço para lançamentos do gênero e toca os clássicos da música raiz e modões, com Trio Parada Dura, Milionário & José Rico, Tonico & Tinoco, Matogrosso & Mathias, Tião Carreiro & Pardinho, Cezar & Paulinho, Duduca & Dalvan, entre outros ícones. Mas o que faz a diferença para o público fiel é o carisma e a facilidade com que passa sua mensagem. João Rafino também é constantemente convidado para a abertura e locução de shows e festas nos quatro cantos do país.
Marly e Marlety – também conhecidas como “As filhas do Paraná”, começaram a cantar ainda muito pequenas. Apresentavam-se em circos, rádios e quermesses na cidade de Apucarana. De tanto ouvir os pais cantando modas de viola de “As Galvão”, Jacó e Jacozinho, Tonico e Tinoco, por exemplo, as meninas tiverem nesses artistas a inspiração para seguir na carreira, que já dura 38 anos. Marly e Marlety também são compositoras e gravaram o primeiro CD – “Homenagem ao Paraná” – em 2009. Já se apresentaram no programa do ratinho, pelo SBT, em projetos culturais, shows beneficentes e rádios por todo o país.
Adicione Comentário