Publicado em 12/11, às 11h30
Por Priscila Perez
Às vezes, a criança mal sabe falar, mas já está com os olhos grudados na telinha do celular ou tablet. Daí em diante, o uso da tecnologia se torna cada vez mais intenso e desenfreado. É smartphone pra cá, computador pra lá.
Não à toa, segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), o número de casos de miopia entre crianças e adolescentes está crescendo. Em 2020, 35% da população terá este tipo de problema de visão. A OMS é ainda mais contundente ao classificar a miopia como a epidemia do século. Pois é, difícil é encontrar alguém que não tenha um celular hoje em dia.
Vamos aos números em solo brasileiro. Por ano, o país registra cerca de 2 milhões de casos. Ou seja, são 2 milhões de pessoas que não enxergam bem de longe. Os dados são do CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia).
Mas, afinal, qual é a ligação entre as telas e a miopia?
Até então, a doença era vista como exclusivamente genética. É o que chamamos de “alto míopes”. Pessoas com pais que também têm miopia e que começam a desenvolver a alteração na visão no final da infância ou início da puberdade. Isto é uma realidade, mas não a única. Com o uso excessivo de aparelhos eletrônicos, a vista começa a se acomodar com as imagens bem próximas. São horas seguidas com os olhos vidrados nessas telas. Os especialistas chamam de “esforço de acomodação”, uma falsa miopia. Daí vem a visão embaçada, que retorna ao normal após o descanso.
Contudo, se a pessoa repetir a maratona por muito tempo (dias e meses), ela corre o risco de se tornar míope de verdade. Segundo Newton Kara José Junior, oftalmologista no Hospital Sírio-Libanês e professor livre-docente da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), “nossos olhos têm uma musculatura responsável pela acomodação visual e, quando queremos enxergar de perto uma imagem, como uma palavra específica num texto, por exemplo, esses músculos se esforçam para encontrar o foco”. O resultado é uma miopia induzida.
Por isso, a dica da OMS é estimular a criançada a brincar ao ar livre, até para descansar a vista. Não adianta vetar a tecnologia, mas é preciso dosá-la para que nossos olhos continuem saudáveis. Isso vale para entusiastas de todas as idades.
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