Publicado às 13h20
G1 São Paulo
A jovem Tábata Amaral, de 24 anos, foi a sexta candidata a deputada federal mais votada em São Paulo. A paulistana é de Vila Missionária, periferia da Zona Sul de São Paulo, se candidatou pelo PDT e conseguiu mais de 264.450 votos.
Tábata estudou em escola pública até o 8º ano. Aos 12 anos, começou uma carreira como “atleta” do conhecimento. Ao todo, colecionou mais de 30 medalhas em olimpíadas de física, química, informática, matemática, astronomia, robótica e linguística.
Com o destaque nas olímpiadas de matemática, ela ganhou uma bolsa em uma escola privada. O colégio também bancou moradia e alimentação da estudante porque sua casa ficava distante, e os pais não podiam arcar com a despesa. Lá viu os horizontes se alargarem e ouviu pela primeira vez sobre a possibilidade de fazer faculdade fora do país.
Filha de um cobrador de ônibus e uma ex-vendedora de flores, Tábata atribui suas conquistas às oportunidades que teve. “Consequência de oportunidades que me deram acesso a uma educação de qualidade, e também a sonhos bem diferentes”, disse em entrevista ao Conversa com Bial.
Quando estava no segundo ano do Ensino Médio, ela ganhou uma bolsa para estudar inglês e contou com a ajuda de instituições para cobrir os gastos do application (processo de candidatura às vagas das universidades norte-americanas). Quando escolheu Harvard, Tabata também tinha sido aceita por outras cinco universidades americanas, entre elas, Caltech, Columbia, Princeton e Yale.
A ideia inicial de Tábata era estudar Astrofísica, mas uma tragédia em sua vida pessoal fez com que ela quisesse ampliar o campo de estudo. “Quatro dias depois que eu fui aceita em Harvard eu perdi meu pai para as drogas e para o álcool, de uma maneira que é muito típica da periferia, mas que é rodeada ainda de preconceito e incompreensão”, disse em entrevista à GloboNews.
Com isso, e pensando na realidade do Brasil, Tábata voltou dos Estados Unidos com formação em Ciências Políticas e Astrofísica. “Imagina como estava minha cabeça quando eu cheguei lá [nos Estados Unidos], porque eu tinha a realidade do meu bairro, do meu pai, do meu irmão, a minha, e eu via que o caminho era pela educação. E meu maior sonho era que todo mundo tivesse no mínimo as mesmas oportunidades que eu tive”.
Já de volta, em setembro de 2016, Tábata participou de uma sessão solene no Plenário da Câmara dos deputados, em Brasília, em um evento dos 10 anos do movimento “Todos pela educação”. No púlpito, fez um discurso sobre educação.
“Meu maior sonho é que o Brasil tenha um dia uma das melhores educações públicas do mundo”, disse Tábata. “E para isso quero entrar para a política daqui a alguns anos, então é bem especial estar aqui. E para as pessoas do governo que estão aqui, entender que vocês têm o poder de impactar milhares de estudantes todos os dias. Então, não durmam bem, não fiquem satisfeitos enquanto a nossa educação for tão ruim”.
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