Publicado às 9h50
Folha de SP
A segunda manifestação do Movimento Passe Livre (MPL)contra o aumento da tarifa do transporte público em São Paulo teve confronto com a polícia ainda na concentração na praça do Ciclista, na avenida Paulista, no fim da tarde desta quarta-feira (15).
Segundo a Secretaria de Segurança Pública, a polícia encontrou com um casal que resistiu à abordagem bombas caseiras, um coquetel molotov, uma garrafa de vidro e pedras. Eles foram encaminhados ao 2º DP, onde a ocorrência foi registrada. Ainda de acordo com a polícia, outras cinco pessoas foram detidas por porte de entorpecente.
Os manifestantes relataram terem sido alvos de bombas de gás lacrimogêneo e tiros de balas de borracha da PM antes da passeata. Um manifestante e um fotógrafo ficaram feridos, segundo o MPL. “Estávamos sentados no chão, no começo do jogral, quando fomos agredidos”, disse uma das líderes do movimento Gabriela Dantas.
No primeiro ato contra o aumento, no dia 10 de janeiro, os líderes do movimento queriam terminar a protesto na praça do Ciclista, mas o comando da Polícia Militar fez um cordão de isolamento e impediu que seguissem.
O protesto terminou em vandalismo, com duas agências bancárias da Caixa Econômica e uma do Itaú com as vidraças depredadas na avenida. Em jogral, os manifestantes prometeram que, em represália, iriam começar o próximo protesto na praça do Ciclista.
Nesta quarta, os oficiais também não deixaram o ato prosseguir pela avenida Paulista. A manifestação, então, desceu a rua da Consolação e se dispersou cerca de duas horas depois na praça Roosevelt.
Assim com no protesto do dia 10, três oficiais da PM foram destacados para mediar o trajeto do ato com líderes do MPL. “A violência no começo do ato mostra que essa mediação é apenas midiática. Não há diálogo. Mas vamos continuar a protestar contra esse aumento abusivo”, disse Gabriela.
A Polícia Militar afirmou que as abordagens e técnicas policiais utilizadas seguiram os protocolos internacionais para o controle de multidões.
“Em relação às denúncias contra a ação dos PMs, policiais do batalhão da área foram até o local da manifestação para colher depoimentos e adotar as providências necessárias ao esclarecimento do caso”, afirmou nota da Secretaria de Segurança Pública.
A Folha tentou por duas vezes falar com um dos mediadores, o capitão Luciano, mas não foi atendida.
Após a dispersão, cerca de 60 manifestantes ainda resistiram a deixar a rua da Consolação na altura da praça Roosevelt, mas depois seguiram pela rua Amaral Gurgel.
Segundo o Movimento Passe Livre, o ato reuniu cerca de 1.000 pessoas. A PM não fez uma estimativa. Eles criticam os índices de reajuste usados pelos governos municipal e estadual, além de defenderem o fim da cobrança de tarifas para usar o transporte público.
No fim do ano passado, o prefeito Bruno Covas (PSDB) anunciou o aumento da tarifa do transporte municipal de R$ 4 para R$ 4,30.
No início deste ano foi a vez do governador João Doria (PSDB) determinar o mesmo reajuste para a passagem nos trens da CPTM e do metrô.
De acordo com a prefeitura, o índice de aumento, de 7,5%, ficou acima da inflação registrada em 2018, de 3,5%, devido ao congelamento da tarifa nos dois anos anteriores.
Em 2017, o governador Doria estava em seu segundo ano a frente da prefeitura paulistana e já era cotado para representar o PSDB na disputa eleitoral pelo governo de São Paulo.
Em 2016, o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) aumentou a passagem de R$ 3 para R$ 3,20 o que não absorveu a inflação no período, segundo a atual gestão tucana.
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