Publicado em 08/04/2020, às 11h40
Por Redação
A pandemia de coronavírus, que reduziu a circulação de pessoas, fechou estabelecimentos e diminuiu o consumo, trouxe pelo menos um efeito colateral positivo à Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp): o aumento na doação de alimentos.
Com média de 10 mil produtos comercializados por dia, o entreposto na capital paulista registrou em março um aumento de 15% nas doações feitas por permissionários em relação ao mesmo mês do ano passado. No total, foram arrecadadas 71 toneladas.
Geralmente, esses alimentos são devolvidos por comerciantes por conta de algum defeito, como um amassado ou mancha na casca, o que torna o seu valor de comercialização menor. No entanto, os produtos doados mantêm bom estado de conservação e condições de consumo, como a durabilidade e o valor nutritivo.
Nos três primeiros meses do ano, o banco de alimentos da Ceagesp teve um crescimento de 40% no volume de produtos doados, chegando a 309 toneladas de frutas, legumes e verduras. Tudo é distribuído para entidades cadastradas.
“O aumento no volume de produtos foi motivado por ações da Coordenadoria de Sustentabilidade que, mesmo com um número reduzido de funcionários ativos no trabalho, está se desdobrando com ações de incentivo de doações junto aos permissionários”
Enchente
E o volume de alimentos doados poderia ser ainda maior. É que no dia 10 de fevereiro uma forte chuva em São Paulo e na Região Metropolitana causou alagamentos e a perda de 7 mil toneladas de produtos no entreposto no bairro da Vila Leopoldina, na zona oeste de São Paulo.
“Em fevereiro, houve queda provavelmente devido às enchentes, pois todo alimento prejudicado e que seria uma possível doação foi descartado”, afirmou o órgão. Com isso, as doações caíram 178 toneladas naquele mês, para 30 toneladas.
Mesa Brasil
Se na Ceagesp as doações cresceram, no projeto Mesa Brasil, do Serviço Social do Comércio (Sesc), o desafio é manter as colaborações nas 91 unidades espalhadas por todo o país em meio à pandemia.
É que o recrudescimento da crise e a paralisação econômica fizeram a média de alimentos doados cair 23,3% no começo de março, de 3 mil toneladas para 2,3 mil toneladas.
“Nós tivemos uma interrupção, principalmente na primeira semana. Mas orientamos a equipe a não parar a operação porque o impacto junto ao grupo beneficiado seria muito grande”
Para continuar trabalhando, foram necessárias adaptações visando evitar a contaminação das equipes nos Estados. Isso inclui a distribuição de máscaras, luvas e álcool em gel, a redução do tempo gasto nas docas dos supermercados e mais agilidade nas entregas.Com três mil doadores em âmbito nacional, a iniciativa tem parceiros da indústria, distribuidores, permissionários, produtores rurais e donos de pequenos estabelecimentos, como padarias e açougues.
Busca por doações
Segundo a porta-voz do Mesa Brasil, neste momento os 500 funcionários e outros 800 voluntários estão focados em ampliar a captação de doações para, consequentemente, aumentar o fluxo de entrega para as mais de seis mil instituições, a exemplo de creches e albergues. O cálculo é que sejam beneficiadas 1,4 milhão de pessoas por mês.
“Todo mundo está em situação de isolamento. Mas esse grupo social sente uma dificuldade ainda maior de acessar esses alimentos, seja por falta de renda ou por causa das pessoas na terceira idade, que são parte do grupo de risco”, diz.
“No momento em que a gente tem muitas das instituições desativadas em função do isolamento social, as famílias estão sem acesso a renda e sem poder exercer suas atividades informais. Esse movimento das sociedade civil para a doação de cestas básicas é fundamental”
O Mesa Brasil não recebe alimentos prontos, mas sim frutas, legumes e verduras, além de processados, a serem preparados pelas instituições beneficiadas. Para isso, tem uma estrutura física no Distrito Federal e em Estados como Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Goiás, Paraná, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Bahia, Pernambuco, Paraíba e Amazonas.Os locais contam com câmaras de refrigeração e frota exclusiva de caminhões. Em outras praças, a exemplo de São Paulo, o alimento é coletado junto ao comerciante e distribuído direto ao beneficiário. Agora, diante da piora no quadro social, a ideia também é arrecadar cestas básicas.
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