Publicado às 9h10
Folha de SP
Ao menos 15 caminhões por mês ficam bloqueados por excesso de altura em pontes e viadutos da cidade de São Paulo, afetando as estruturas e gerando riscos de acidentes.
O número inclui tanto veículos que entalam quanto aqueles que acabam bloqueando as vias após motoristas perceberem que não conseguirão passar sob as estruturas à frente.
Relatório revelado pela Folha na segunda-feira (4) mostra que as colisões de veículos estão entre as principais causas de danificação da estrutura de pontes e viadutos da cidade. Segundo o documento, seis pontes e viadutos correm “risco iminente” e apresentam danos no concreto devido ao atrito.
No ano passado, em dez meses, foram ao menos 132 casos, segundo dados da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego).
Segundo a assessoria de imprensa da prefeitura, 43 entalaram de fato. Em 2017, foram 213 ocorrências de excesso de altura, segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) . Foram analisados um total de 292 casos, entre janeiro de 2017 e outubro de 2018.
A reportagem obteve os dados via Lei de Acesso à Informação. Embora a Folha tenha excluído duplicidades, parte delas pode ter permanecido, devido a lacunas no preenchimento da companhia.
O viaduto General Euclides de Figueiredo, sob a avenida Vinte e Três de Maio, na região do Ibirapuera (zona sul), é o local com maior número de episódios do tipo nos dois anos analisados —foram ao menos 40 casos de excesso de altura no período. A estrutura tem apenas 4,1 metros de altura, sendo que há caminhões de até 5 metros.
O viaduto foi um dos vistoriados pela prefeitura, que constatou comprometimento estrutural neste e em outros seis pontos. Ele não foi classificado na categoria mais grave, como risco iminente.
Logo atrás na lista de casos, vem o viaduto Bresser, na Radial Leste (zona leste), com 35 ocorrências. Ali, é possível notar estrago ainda maior na parte inferior do viaduto, que também tem 4,1 metros.
Entre as estruturas, a ponte Cruzeiro do Sul, que passa sobre a marginal Tietê, vem atrás com 18 casos no período. Essa ponte é significativamente maior que as outras duas, com 4,9 metros na pista central da marginal, segundo a sinalização.
“À medida que a legislação passou a permitir caminhões cada vez maiores, este tipo de ocorrência passou a acontecer com maior frequência”, diz engenheiro Sérgio Ejzenberg, especialista em transporte.
Para ele, seria necessário a colocação das chamadas vigas de sacrifício para evitar este tipo de ocorrência. Trata-se de estruturas de ferro colocadas antes das estruturas, onde veículos com excesso de altura ficariam presos, como as que já existem antes dos túneis na cidade.
“Ao invés de ter grande estrago, o veículo bate em uma viga de ferro que é substituível”, diz o engenheiro. Ejzenberg diz que também é preciso a sinalização para evitar este tipo de problema.
A CET afirma que os “locais estão sinalizados com placas de regulamentação e advertência, conforme previsto no CTB (Código de Trânsito Brasileiro), e com vigas de sacrifício nos túneis e locais de grande fluxo de caminhões”.
No último ano, segundo a prefeitura, foram aplicadas 292 autuações relacionadas a excesso de altura.
PROGRAMA
Desde que um viaduto cedeu em novembro do ano passado na marginal Pinheiros, a gestão de Bruno Covas (PSDB) encampou um amplo programa de recuperação dos viadutos e pontes.
Os técnicos criaram um sistema de classificação para avaliar 13 pontes e viadutos e apontaram as seguintes estruturas como em risco de queda: pontes Cidade Universitária, Eusébio Matoso e Cidade Jardim (zona oeste), viadutos Gazeta do Ipiranga e Grande São Paulo (zona sul) e viaduto General Olímpio da Silveira (centro).
Essas obras viárias foram classificadas com nota igual ou inferior a 2 pelo grupo técnico, o que, além do risco iminente, aponta necessidade de “contratações emergenciais de inspeções especiais”, segundo ata de reunião do grupo de Gestão de Manutenção de Obras de Arte realizada na última terça-feira (29).
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