Publicado às 10h30
Por Gabriel Cabral
O polêmico Camilo Cristófaro (PSB) chamou, no plenário da Câmara Municipal de São Paulo, de “macaco de auditório” o vereador Fernando Holiday (DEM), que nasceu na Brasilândia, porém, não vive mais no bairro. O ataque surgiu após o político negro ter afirmado em um programa de TV que a maioria dos parlamentares não trabalham.
“Gostaria de falar que lamentavelmente o senhor Fernando Holiday usa das redes sociais, que ele é o grande macaco de auditório das redes sociais, que ele usa dando risada dessa Casa, explodindo as redes sociais, porque a população adora ver sangue, maldade, mentira, fake, onde ele acusa os seus colegas de vagabundos”, disse Cristófaro.
Holiday, que é membro do Movimento Brasil Livre (MBL) disse que recorrerá à Corregedoria da Câmara e ao Ministério Público de São Paulo por ter compreendido que foi vítima de ofensa racista. “O vereador tem a mania de fazer xingamentos pessoais e de baixo calão. Geralmente ele faz fora do microfone. Desta vez foi racista e ao microfone”, diz Holiday à Folha de SP. Segundo ele, Cristófaro ainda teria dito que ele precisava “comer banana”.
Início da polêmica
Ambos os parlamentares são polêmicos e, mesmo estando em seus primeiros mandatos, já protagonizaram diversos episódios. O início deste embate começou quando o jovem cedeu entrevista ao programa de Danilo Gentili, no SBT. “Ele [Gentili] me perguntou: ‘Os vereadores na Câmara Municipal trabalham?’ Eu disse: ‘Não’. É uma triste realidade, mas a maioria dos vereadores não trabalham”, disse.
Nesta terça-feira, 4, ele repetiu a frase no plenário e foi alvo de críticas de vários parlamentares. “Eu não estou voltando atrás na minha fala. Se vossas excelências querem que eu repita, eu repito: a maioria dos vereadores desta Casa não trabalham”, disse o político do DEM. Apesar das várias respostas, foi a de Cristófaro a que mais ofendeu o parlamentar. “Não vem me chamar de vagabundo. Para mim ele é macaca de auditório do Chacrinha, que só quer aparecer. Racista? Ele diz isso para aparecer. Tenho branco, preto, índio e japonês no meu gabinete. Isso é conversa para boi dormir”, diz Cristófaro
Para Holiday, o político branco e heterossexual ainda foi homofóbico ao chama-lo de “macaca”. Desde sua campanha eleitoral, o vereador sempre deixou claro sua homossexualidade.
Outros problemas
Cristófaro já passou por outros problemas relacionados à ofensa. Em 2017, Isa Penna (PSOL) – hoje deputada estadual – foi empurrada e xingada. Entre as ofensas, chamou-a de “vagabunda”, “terrorista” e “cocô de galinha”. Disse ainda que ela não deveria ficar surpresa se tomasse “uns tapas na rua”.
O parlamentar ainda teve seu mandato cassado em junho de 2018 por fraude eleitoral na captação de recursos da campanha, mas conseguiu manter-se no cargo através de uma decisão limitar da Presidência do Tribunal Regional Eleitoral (TRE).
Já Holiday surpreende pelas denúncias, já que ele é ligado aos movimentos de direita e costuma ser antagônico a posições consolidadas do movimento negro. Ele é contra cotas raciais e o Dia da Consciência Negra, por exemplo. Em 2018, foi chamado de “capitãozinho do mato” por Ciro Gomes (PDT), que foi condenado a pagar R$38 mil de indenização por danos morais ao membro do MBL.
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