Publicado em 29/03/2022 às 10h40
por Redação/via G1
Barulho, gordura impregnada, mau cheiro e muita fumaça. Para quem vive ao lado das chamadas “dark kitchens”, a convivência com esses restaurantes fantasmas, que só atendem delivery, é recheada de reclamações. Com a pandemia, o modelo ganhou visibilidade e virou solução para muitos estabelecimentos enfrentarem a crise sanitária, dividindo espaço e o aluguel. Porém, para a vizinhança, essa “solução” não foi tão bem-vinda.
Na Vila Leopoldina, por exemplo, onde foi lançada a primeira cozinha fantasma do Brasil, a Kitchen Central Lapa, uma senhora foi retirada de casa após passar mal com o odor de gordura. Na Vila Romana, outra moradora também teve que enfrentar o forte odor de gordura 24 horas por dia, além do barulho, porque ficava em casa trabalhando. “ O cheiro de gordura entrava dentro da casa e não dava para lavar roupa porque a gordura grudava, a casa toda ficava impregnada”, conta Mariana Paker, de 40 anos.
A empresa responsável pelo galpão é a Kitchen Central, ligada à global CloudKitchens, uma empresa criada pelo cofundador e ex-presidente executivo do Uber, Travis Kalanick. Para se ter ideia, um único galpão pode abrigar até 35 cozinhas.
Cansada e com crises de ansiedade na bagagem, Paker procurou ajuda junto ao Ministério Público (MP-SP) para resolver a questão, em busca de melhorias. E eles, de fato, fizeram: tanto o cheiro quanto o barulho diminuíram um pouco, mas a convivência ainda não é fácil. Segundo ela, com o tempo quente e abafado, a situação continua incômoda e, para piorar, existe o vaivém de motoboys atrapalhando o trânsito no entorno. A empresa, por sua vez, destaca que “tem cumprido com todas as regulações aplicáveis”. “Estamos comprometidos a sermos um bom vizinho e continuaremos tomando as medidas razoáveis para atender a quaisquer preocupações que possam se apresentar.”
Questionada sobre a dark kitchen da Rua Clélia, a Subprefeitura Lapa destaca que foi aberto um processo de cassação da Licença de Funcionamento em 21 de janeiro. Porém, no dia 4 de fevereiro, foi emitida uma intimação de defesa pelo proprietário, que atualmente encontra-se em análise jurídica.
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