Publicado às 13h35
Folha de SP
Os alunos da rede estadual de São Paulo saem da escola, em média, com a nota esperada para estudantes três anos mais novos.
Ao se formarem no ensino médio, têm desempenho em português que seria adequado para o 9º ano do nível fundamental.
Em matemática, a defasagem começa ainda mais cedo: no 9º ano, eles têm a média que seria correspondente à do 6º.
As conclusões foram obtidas por meio dos resultados do Saresp, exame que avalia os estudantes da rede estadual em português e matemática, divulgados nesta terça-feira (12) pela gestão João Doria (PSDB).
Entre 2017 e 2018, os alunos da rede estadual registraram leve melhora em português, mas piora em matemática no 9º ano e estagnação no ensino médio.
Combinadas aos índices de reprovação e repetência, as notas do Saresp dão origem ao Idesp (Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo), que teve um leve crescimento em 2018, chegando a 5,55 para os anos iniciais, 3,35 para os finais e 2,46 para o ensino médio. As metas para 2030 são 7, 6 e 5, respectivamente.
O secretário da Educação, Rossieli Soares da Silva, que assumiu o cargo em janeiro, afirmou que os resultados indicam um “crescimento lento” dos índices de aprendizagem.
No Ideb, índice nacional de qualidade da educação, São Paulo foi apenas a 16ª unidade da federação que mais evoluiu entre 2005 e 2017.
O mandato de Doria é o sétimo seguido do PSDB no estado.
“São Paulo vem melhorando mais lentamente que vários estados brasileiros. Com maior renda per capita, precisa liderar os índices de aprendizagem”, afirmou o secretário-executivo Haroldo Corrêa da Rocha, que era o titular da pasta no Espírito Santo até o final do ano passado.
Os dados do Saresp mostram que as deficiências dos alunos, especialmente em matemática, começam cedo e vão se acumulando ao longo da trajetória escolar.
Aos nove anos de idade, no 3º ano do fundamental, uma em cada quatro crianças não consegue representar corretamente os números. Um exemplo citado dessa deficiência foi um ditado em que o professor falou 327 e o aluno escreveu 300207.
Ao chegar ao 5º ano, 46,4% dos estudantes já estão abaixo do adequado. No 9º ano, essa proporção aumenta para 83,3%.
Nessa série, 65% não sabem resolver um problema envolvendo porcentagem. Em média, têm o conhecimento esperado para um estudante três anos mais novo, do 6º ano.
Na conclusão da vida escolar, no 3º ano do ensino médio, quase todos os alunos da rede estadual paulista (94%) estão abaixo do nível adequado.
“É um drama nacional”, afirmou o secretário, acrescentando que o problema se repete em outros estados brasileiros. “A criança vai carregando um peso que traz dificuldades para ela em toda a educação básica.”
Em língua portuguesa, a situação é menos pior, mas não chega a ser boa. No 9º ano, 45% dos alunos com idade esperada de 14 anos não conseguem entender a finalidade de um texto, e 65% saem da escola com desempenho abaixo do adequado.
Segundo o secretário, os resultados serão enviados para cada escola e, até março, a pasta deverá anunciar um planejamento para melhorar os indicadores.
Como já havia adiantado, ele afirmou que o bônus pago aos professores a partir do Idesp deverá ser repensado, mas disse ainda não ter detalhes.
A Folha revelou em maio de 2018 que avaliações do próprio governoconcluíram que o bônus não promoveu melhorias nas escolas. Advertências para correções foram ignoradas pelo menos desde 2011.
O secretário descartou acabar com essa iniciativa. “A política de bônus precisa ser melhor aproveitada”, disse. A ideia é que a remuneração inclua outros critérios além da nota dos alunos.
Ele indicou que pretende atuar para tentar reduzir o volume de faltas dos profissionais da rede. “Não existe bala de prata. Mas temos que garantir o feijão com arroz, que são 200 dias letivos e cinco horas diárias de aulas”, afirmou.
Outra iniciativa que deverá ser adotada na rede é colocar professores com bons resultados para ajudar outros colegas.
O secretário assumiu o cargo em meio a uma crise no fornecimento de materiais escolares, que deverão chegar às escolas até março, após contratos emergenciais.
Havia ainda a possibilidade de até 60 mil alunos ficarem sem aulas devido a uma decisão judicial que barrava a convocação de professores temporários. A decisão foi posteriormente revertida pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
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