Publicado em 29/04/2022 às 11h10
por Ira Romão/via Agência Mural (confira a matéria na íntegra em https://bit.ly/3LwVggL)
Com uma carga horária diária de nove horas, o cansaço é uma das principais queixas dos estudantes da rede estadual com relação à adaptação ao ensino integral. É o que relata José Henrique Costa Cerqueira, de 16 anos, morador de Pirituba e aluno da Escola Estadual Doutor Joaquim Silvado, que aderiu ao PEI (Programa de Ensino Integral) no ano passado. Cursando o segundo ano do ensino médio, o jovem relata que a adaptação tem sido difícil, pois as aulas ocorrem das 7h30 às 16h05 e não sobra tempo para outras atividades. “O maior desafio é não poder escolher meus horários para ter um tempo de jogar bola, desenhar ou assistir algo que eu goste depois da aula. Até porque quando chego em casa, já está tarde.”
Segundo ele, a rotina é tão cansativa que, quando tenta fazer algo depois da aula, já está – praticamente – na hora de dormir. “Durante a pandemia eu conseguia fazer meus próprios horários. Hoje não tenho mais liberdade de fazer isso.”
Mesmo para Victória Alencar Penha, de 16 anos, que afirma ser uma estudante que gosta de estar no ambiente escolar e que tem contato com o PEI há três anos, o modelo de ensino ainda oferece desafios. “Às vezes têm trabalhos que são muito extensos e mesmo estudando integral, não conseguimos fazer tudo na escola. Então temos que combinar um dia no fim de semana para concluir. Isso acaba sendo muito cansativo”, conta.
Victória também mora em Pirituba e está no terceiro ano do ensino médio na escola Professor Milton da Silva Rodrigues. “Estudei a minha vida inteira em meio período. Nos primeiros dias fiquei muito cansada e quando chegava em casa, queria logo dormir. Estou começando a pegar mesmo o ritmo agora, em 2022, com o retorno das aulas presenciais”.
Apesar do cansaço, Victória diz que gosta do ensino integral. Para ela, ter mais tempo para conversar com os amigos e para estudar juntos são os principais benefícios do PEI.
Ensino integral
O PEI tem como objetivo ampliar a aprendizagem integral dos alunos por meio de uma grade curricular de componentes específicos que inclui orientação de estudos e práticas experimentais. O programa é ofertado em dois formatos: de sete horas e de nove horas. No primeiro, as escolas oferecem dois turnos – das 7h às 14h e das 14h15 às 21h15. No segundo, as aulas são entre 7h e 16h.
Nos últimos três anos, esse modelo de ensino vem sendo expandido no estado de São Paulo. O programa saltou de 364 escolas para 2.050 unidades espalhadas por 464 municípios. De acordo com o novo plano de expansão, até 2023, o estado terá 3 mil escolas com ensino integral. Para este ano, a previsão é que 100 novas escolas entrem no PEI e, no próximo ano, outras 850.
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