Publicado às 9h40
G1 São Paulo
Deu sorte quem foi ao Allianz Parque ver o Coldplay nesta terça-feira (7), ou tem ingresso para esta quarta (8). A banda escolheu São Paulo para gravar os shows, que devem virar o DVD ao vivo da turnê “A Head Full of Dreams”. Por isso, a apresentação é especial.
Tinha tudo para ser um repeteco do show do ano passado, com repertório parecido, no mesmo local. Mas foi melhor. De todas as passagens deles pelo Brasil – 2003, 2007, 2010, 2011, 2016 e agora – esta deve ser a mais marcante. Veja alguns motivos:
– Por conta da gravação, a parte técnica está impecável. Se o show de 2016 já impressionou em visual e efeitos, foi até pobre perto deste. Telões, estrutura de som, cenografia, fogos: o upgrade foi geral.
– A banda, sabendo do registro, se esforçou como nunca. Dá para acusar Chris Martin de muita coisa, menos de não ser profissional. Cantou bem e deu suas rodadas no palco com energia de criança hiperativa (no DVD vai dar para contar, mas eu calculo umas 100 voltas em torno do próprio eixo).
– No repertório entrou uma música nova que havia aparecido antes apenas em uma show em San Diego, nos EUA, em outubro. Para se ter uma ideia do quanto é pop de arena, a melodia é baseada no tradicional canto “olê, olê, olê” de torcidas.
– Outra novidade, essa pela primeira vez na história da banda, foi o baterista Will Champion nos vocais. Ele assumiu (bem) a voz principal de “In my place”.
– Em “Charlie Brown” Chris Martin parou de tocar e pediu para os fãs abaixarem o celular “por ao menos uma música”, para impressionar “quem vai assistir daqui a 50 anos”. Todo mundo levantou só a pulseira piscante – e ficou bonitão.
O resultado tem potencial para impressionar mesmo os espectadores de 2067. Chris Martin, aquele nerd tímido da década passada, está ainda mais à vontade como mestre de cerimônias de um show que é meio festa de formatura, meio réveillon colorido.
Além do show nesta quarta em São Paulo, eles também tocam no sábado (11) em Porto Alegre. Todos os ingressos estão esgotados.
Até a plateia foi fora do comum. Quem assistir ao filme pode achar que é truque de edição: como é que após um ano e meio de turnê, com o repertório mais que manjado, a multidão pode gritar surpresa com o início no piano de “The Scientist”? Mas rolou – e depois da gritaria do início, ainda foi uma das melhores partes da noite.
Foi um show de duas horas, enxuto para o padrão de superproduções atuais. No maior discurso, Chris Martin lembrou massacres recentes e pediu “amor brasileiro” “ao Texas, ao Oriente Médio, a Nova York e à Argentina” (em referência os argentinos mortos em recente ataque na cidade americana).
Desde o ano passado, o vocalista tem dado declarações que indicam que este pode ter sido o último disco do Coldplay. Mas se o show de 2016 aqui teve cara mesmo de “fim de novela”, este não deu o mesmo sinal – ainda mais com a música nova. Pelo menos um “Ao vivo em São Paulo” ainda deve sair.
O Allianz Parque tem capacidade para cerca de 45 mil pessoas em shows, e estava lotado. Mas até a publicação desta reportagem, a assessoria de imprensa não havia confirmado o número de pessoas presentes.
O show estava previsto para as 21h, mas o Coldplay só subiu ao palco às 22h20. A banda pediu desculpas e disse no Twitter que houve um problema com a chegada dos equipamentos de pirotecnia ao Brasil. Chris Martin reforçou as desculpas pelo atraso no palco depois.
Bom para a atração de abertura, a carioca Iza, que subiu às 20h30 com o estádio já quase cheio. Foi oportunidade única: nos próximos shows quem abre é a inglesa Dua Lipa.
O pop com dançarinas de Iza não tem muito a ver com o Coldplay. Mas Iza mostrou a presença e a boa voz que a destacaram no palco de CeeLo Green no Rock in Rio. Recorreu a covers de Rihanna (“Rude boy”) e MØ (“Lean on”).
Setlist – Coldplay na terça-feira (7) em SP:
“A Head Full of Dreams”
“Yellow”
“Every Teardrop Is a Waterfall”
“The Scientist”
“God Put a Smile Upon Your Face”
“Paradise”
“Always in My Head”
“Magic”
“Everglow”
“Clocks”
“Midnight” (trecho)
“Charlie Brown”
“Hymn for the Weekend”
“Fix You”
“Viva la Vida”
“Adventure of a Lifetime”
“Us against the world”
“In My Place” (Will no vocal)
“‘Til Kingdom Come”
Nova música (referida por fãs como “Life is beautiful”)
“Something Just Like This”
“A Sky Full of Stars”
“Up & Up”
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