Publicado às 9h10
Folha de SP
Data dos anos 1950 o diagnóstico de que a Grande São Paulo precisaria de uma via perimetral para retirar do núcleo da metrópole o trânsito de passagem. Um primeiro projeto surgiu em 1992; com modificações, o Rodoanel começou a ser construído em 1998.
Duas décadas transcorreram, e a intervenção de quase R$ 10 bilhões segue congestionada. O governo de Márcio França (PSB) cogita, agora, atrasar a entrega em mais um ano e meio. Se não emergirem mais buracos orçamentários e no desempenho das empreiteiras envolvidas, a inauguração viria apenas em 2021.
Pouco mais de três quartos dos 181 km previstos se encontram em operação. Os 44 km faltantes integram o trecho norte, que atravessa o parque estadual da Cantareira e vai interligar as rodovias Bandeirantes e Dutra. O prazo original de término era 2014.
As administrações do PSDB e seus aliados no governo do estado amargam sucessivos atrasos nessa peça crucial do sistema viário metropolitano. Além de incompetência na fixação de prazos irreais, as obras são alvo de acusações de corrupção que rodeiam a Dersa, estatal que cuida de estradas.
As lacunas que impedem a conclusão do trecho norte da via se localizam nos lotes 1, 3 e 6, que têm 74%, 83% e 66% terminados, respectivamente. Os dois primeiros segmentos foram objeto de denúncias de superfaturamento.
Se antes era comum empreiteiras atrasarem a construção para impor aditivos e renegociações, agora, cada vez mais, obras são paralisadas porque as empresas não têm fôlego para prosseguir.
Isso cria custos adicionais para o poder público com a proteção de estruturas já erguidas. No caso do trecho norte, a estimativa aponta R$ 50 milhões de gastos extras.
Não bastasse tal ônus, os veículos de carga e passageiros que precisam passar por São Paulo sem ser esse seu destino final continuarão sobrecarregando o trânsito da cidade, com prejuízo em horas de trabalho perdidas e poluição do ar.
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