Publicado às 9h05
Agência Estado
Policiais do Departamento de Investigações Criminais (Deic) prenderam na manhã desta quarta-feira, 6, um dos acusados de espancar e matar o dentista Wellington Silva, de 39 anos, no ano passado, na região da Vila Jaguara, na zona oeste. Integrante da lista de foragidos mais procurados da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, o suspeito Lucas Rafael de Siqueira Nunes, de 19 anos, foi detido na região de Heliópolis, na zona sul da capital. Aos agentes, ele negou ter participado do crime.
Nunes também era procurado por tentativa de homicídio já que, na ocasião, os criminosos espancaram o pai do dentista, o aposentado Manoel Silva, de 77 anos. Segundo as investigações, o suspeito fazia parte de um grupo de oito a dez pessoas que estava pichando a casa das vítimas, de madrugada.
Ao perceber a movimentação estranha e o comportamento do seu cachorro, que não parava de latir, o aposentado apanhou um facão e foi tirar satisfação com o grupo. Segundo relatou na época, os homens começaram a agredi-lo com “paus, pedras e até tijolos”. O filho viria em seguida para ajudá-lo, mas também foi agredido.
Na delegacia, Manoel disse que desmaiou após os golpes e, ao retomar os sentidos, viu o filho caído. O irmão do rapaz chamou a polícia. O dentista chegou a ser encaminhado a um pronto-socorro em Pirituba, mas não resistiu aos ferimentos. O médico que o atendeu registrou o caso como “politrauma grave por agressão física”.
Prisão
Um ano e quatro meses após o crime, a Polícia Civil conseguiu identificar o paradeiro do foragido. Nunes foi capturado na Avenida São João Clímaco, em Heliópolis, por uma equipe do Grupo Armado de Repressão a Roubos (Garra).
“Foram crimes hediondos. Mataram uma pessoa e debilitaram permanente um idoso porque reclamaram do vandalismo praticado no muro”, afirmou, em nota, o delegado Mário Palumbo, supervisor do Garra.
Posto no porta-malas da viatura, com as mãos algemadas, o suspeito foi filmado pelos agentes. Aos policiais, ele confirmou que fazia parte do grupo de pichadores, mas negou ter assassinado o dentista. “Eu sei que não matei ninguém.”
Veja transcrição do vídeo da prisão de Lucas Rafael de Siqueira Nunes:
Policial: Você sabia que estava procurado ou não?
Suspeito: Sabia.
P: Por que vocês fizeram isso com o cara lá, meu?
S: Eu não fiz nada… Nem sei o que eu fiz lá.
P: O que é que você fez lá?
S: Infelizmente eu tava lá, cara.
P: Tava pichando?
S: Tava.
P: E os outros (pichadores) tão… Que é que são seu os outros?
S: Nada.
P: Nada?!
S: Conhecia de vista.
P: Mas você viu o pessoal espancando o senhor?
S: Mano…
P: Viu ou não viu?
S: Para falar a verdade, eles (as vítimas) que foi pra cima, com facão, os carai (sic) tudo… É verdade.
P: Ah tá. E precisava ter matado o dentista?
S: Então, o que teve… Quando eu cheguei dentro do carro, eu estava desesperado quando aconteceu o negocio lá. Não tinha entendido nada. Aí, ficaram comentando. Teve um que falou: ‘Taquei pedra na cabeça deles mesmo, pá’. Eu tava desesperado quando aconteceu. Infelizmente eu estava no meio, né?
P: Então vocês mataram na paulada, no soco e na…
S: (Interrompendo) Não.
P: Mataram como?
S: Eu sei que não matei ninguém.
P: Vocês estavam embriagado ou não? Tava louco?
S: A gente tava bebendo, mas ninguém tava loucão, não.
P: Porra, mas vocês fizeram isso aí sem tá louco, então?
S: (Silêncio)
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