Publicada em 03/3/2021 às 10h57
Artigo de Paulo Frange, médico e vereador de São Paulo
O sintoma relatado pelos pacientes vítimas da Covid-19, já passam de uma centena. Incluem fadiga, dores de cabeça, confusão mental e perda de memória, problemas gastrointestinais, dores musculares e até palpitações.
Em alguns países as clínicas especializadas no atendimento do pós-Covid, já estão sobrecarregadas. Não podemos subestimar esse quadro, rico de sintomatologia, que tem ensinado a cada dia, a história natural da doença.
Não são apenas as pessoas gravemente doentes e internadas com o vírus que continuam sofrendo meses depois de adoecer. “Sintomas novos ou prolongados podem ocorrer meses depois, independentemente da gravidade da infecção aguda de SARS-CoV-2”, explicou Alfonso Hernandez-Romieu, do CDC-Centro de Controle e Prevenção de Doenças nos EUA.
Médicos e terapeutas dizem que estão tratando pessoas de todas as idades, incluindo algumas que eram extremamente saudáveis antes de adquirirem a Covid-19, como maratonistas, atletas e treinadores.
Um estudo em Wuhan, China – o local do primeiro surto – descobriu que 76% dos pacientes hospitalizados com Covid-19 ainda apresentavam sintomas seis meses após o início dos sintomas. Até nove meses após a doença, 30% dos pacientes, ainda relatavam sintomas. Um novo quadro a ser considerado: a Covid longa. Qualquer que seja a porcentagem definitiva no longo prazo, o grande número de pacientes de Covid longa pode significar uma segunda crise de saúde, segundo especialistas. Naturalmente, impactos para saúde e economia.
O fato é que, ainda não há tratamento específico para a Covid prolongada. Os médicos se limitam a tratar cada sintoma da longa lista relatada pelos pacientes. Os diagnósticos correspondem aos sinais apresentados, como encefalomielite miálgica ou Síndrome da Fadiga Crônica, para uma das doenças mais comuns. O que assistimos agora, é que “os pacientes estão trazendo seus sintomas de uma nova doença aos médicos para ensiná-los o que realmente acontece com essa nova moléstia”. Essa foi uma afirmação recente sobre relatos da Covid longa.
Para São Paulo, o que proponho, é que instalemos clínicas para atendimento do pós- Covid, em unidades da rede SUS, principalmente, junto aos centros atuais de tratamento de Covid-19, usando a infraestrutura já instalada de diagnóstico laboratorial e de imagem, além das especialidades que são necessárias. O assunto está sendo tratado com muita atenção pela Secretaria de Saúde do Município.
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