Publicado às 9h30
Folha de SP
Em uma das maiores pesquisas já realizadas com dados sobre hábitos alimentares globais e longevidade, foi constatado que o consumo de verduras, frutas, peixe e grãos integrais está fortemente associado à vida mais longa —e que pessoas que consomem poucos desses alimentos têm maior tendência a morrer precocemente.
Publicado na última semana no periódico The Lancet, o estudo conclui que um quinto das mortes no mundo está ligado a dietas pobres, ou seja, com poucas verduras frescas, sementes e nozes, e ricas em açúcar, sal e gorduras trans.
Em 2017 isso resultou em 11 milhões de mortes que poderiam ter sido evitadas, dizem os pesquisadores. A maioria delas, cerca de 10 milhões, foi causada por doenças cardiovasculares. Depois, as maiores causas de morte ligadas à dieta foram o câncer, com 913 mil, e a diabetes tipo 2, responsável por 339 mil mortes.
“Os números devem servir de alerta ao mundo”, disse o diretor de nutrição da Organização Mundial da Saúde, Francesco Branca.
Pago pela Fundação Bill & Melinda Gates, o estudo cobriu hábitos alimentares globais entre 1990 e 2017 e rastreou o consumo de 15 categorias de alimentos. Foram analisados dados de 195 países.
Em vez de pressionar a redução do consumo de gorduras e dos açúcares que estão relacionados com doenças e morte prematura, os autores afirmam que acrescentar alimentos saudáveis às dietas globais é uma maneira eficiente de reduzir a mortalidade.
Ashkan Afshin, epidemiologista da Universidade de Washington e autor do estudo, diz que a disparidade entre o volume de alimentos nutritivos que as pessoas deveriam comer, mas não comem, é muito maior que a diferença entre os níveis de alimentos danosos que elas ingerem regularmente, embora não devessem.
Diz, por exemplo, que a ingestão global média de carne vermelha é de 27 gramas por dia, acima do limite diário recomendado, de 23 gramas. Mas, quando se trata de sementes, nozes e castanhas benéficas, a maioria das pessoas consome em média 3 gramas por dia, muito menos que os 21 gramas vistos como adequados.
A exceção é o exagero de sal, que, diz a pesquisa, tem forte relação com doenças e morte.
Para especialistas, as conclusões do estudo destacam a importância de políticas nacionais para aumentar a disponibilidade de frutas e verduras, especialmente em países de baixa renda onde comidas frescas podem ser mais caras que as processadas.
Grandes empresas alimentícias devem ser pressionadas a criar produtos mais saudáveis, dizem, e médicos devem ser incentivados a falar sobre alimentação saudável.
Mas nem todos concordam com as recomendações. O pediatra e ativista nutricional Arun Grupta disse que os autores deveriam ter dado mais ênfase ao papel da indústria alimentícia na multiplicação de alimentos pouco saudáveis.
“Meu medo é que o estudo tire a pressão da indústria, que pode usá-lo para alegar que não está agindo errado'”, diz.
O estudo tem algumas limitações. Os autores destacam que houve brechas em dados relacionados à dieta em alguns países mais pobres e que algumas das mortes poderiam ter sido atribuídas a mais de um fator alimentar.
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