Publicado às 10h25
Por Priscila Perez
Com o fim anunciado da Dersa, estatal responsável pelas obras viárias do Estado, a força-tarefa da Lava Jato já demonstra preocupação com relação aos documentos do Rodoanel Mário Covas, que poderiam sumir após a extinção da empresa. Por isso, a operação notificou o Governo de São Paulo solicitando que preserve todos os papéis referentes ao anel viário, cujo Trecho Norte, sua última etapa, está sob suspeita de desvios de recursos públicos. A Justiça Federal apura se houve prejuízo aos cofres públicos no valor de R$ 625 milhões apenas nesse trecho da obra.
Como a extinção da estatal já foi aprovada pela Assembleia Legislativa, a Lava Jato corre para impedir o desaparecimento de qualquer documento comprometedor. Até o governador João Doria recebeu a recomendação, assinada por nove procuradores. “Não permita, autorize, ordene ou execute ato que importe a supressão ou alteração de qualquer elemento documental ou informação, ainda que em meio eletrônico, referente às obras do Rodoanel Mário Covas”, aponta a notificação reproduzida pelo jornal Folha de São Paulo.
O mesmo alerta chegou às mãos do presidente da Dersa, João Luiz Lopes. “Em caso de descumprimento injustificado desta recomendação, não se poderá alegar desconhecimento do que aqui foi abordado em processos administrativos ou judiciais futuros.”
Apesar da Gestão Doria sinalizar que irá dissolver a estatal, o processo é bem complexo por envolver a indenização de mais de 300 funcionários.
Sobre os arquivos, a Secretaria de Logística e Transportes afirma que desde janeiro tem adotado “procedimentos internos de segurança que garantem a preservação dos documentos”.
Gastos extras no Rodoanel Norte
O governo estima que o gasto para o término do anel viário ficará entre R$ 800 milhões e R$ 1 bilhão. Há seis anos, o Rodoanel Norte foi orçado em R$ 4,3 bilhões, mas já consumiu R$ 6,85 bilhões, ou seja, 60% a mais do valor previsto originalmente. Inicialmente a obra deveria ter sido inaugurada em março de 2016.
Com R$ 1 bilhão a mais de gastos – em uma visão mais pessimista – o valor da obra chegará em R$ 7,85 bilhões, isto é, 83% a mais do montante orçado em 2013. Com as desapropriações de casas e terrenos, este valor pode chegar a R$ 10 bilhões.
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