Publicado às 14h22, 30/01/2020
Por Cristina Braga
A comunidade do Território Indígena Jaraguá realizou protesto hoje, dia 30, de manhã e distribuiu um comunicado à imprensa explicando o motivo das manifestações contra as ações da construtora Tenda que está erguendo ao lado das aldeias,no Jaraguá, um empreendimento de alto padrão. A construção terá cinco torres de moradia para aproximadamente para 800 pessoas.
Segundo os guaranis, a Tenda iniciou as obras “sorrateiramente, sem comunicar a comunidade que, atenta à movimentação da obra, iniciou uma conversa com o empreendedores da Tenda. Foram duas reuniões com funcionários da construtora; há aproximadamente uma semana atrás, comunicaram a comunidade da derrubada de 4 mil árvores, alegando que: por se tratar de árvores isoladas não havia presença de animais e muito menos haveria necessidade de fazer consulta de devolutiva ambiental e indígena. Essas alegações não foram aceitas pela comunidade e o diálogo não teve avanço”, diz em nota representantes dos guaranis.
Ainda segundo o comunicado: “ ao som da motosserra e de equipamentos de destruição em massa da natureza rondando suas moradias, as árvores vieram ao chão.” No local há cedros, abelhas sem ferrão com ninhos e exemplares remanescentes da mata atlântica, repleta de animais silvestres”.
Os guaranis mantiveram um acordo com a construtora de que precisavam fazer um ritual antes de remover as árvores, mas “ que não foi respeitado pela Tenda”. A comunidade enviou ofício ao Ministério Público Federal que ainda não se pronunciou. Para os guaranis, as florestas são entidades e espíritos de fortalecimento dos povos indígenas. Derrubar uma árvore é como tombar um parente, e nessa ocasião 4 mil parentes foram executados. Uma cerimônia fúnebre foi realizada na área massacrada em nome Nhanderu ( Deus criador Guarani) pela maldade e agressão aos espíritos que protegem o povo da floresta.
Resposta da Construtora
A Construtora Tenda enviou a seguinte nota à redação da Folha Noroeste:
A Construtora Tenda reafirma seu respeito à comunidade local e ressalta que todos os procedimentos necessários foram adotados para a legalização do empreendimento, com aprovação dos órgãos competentes. A companhia ressalta ainda que, conforme o Plano Diretor do município de São Paulo, a área em questão tem destinação exclusiva para a moradia da população de baixa renda, que é o objetivo da construção. A Tenda reforça que está à disposição das autoridades e da sociedade civil para qualquer esclarecimento.”
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