Publicado às 9h10
Folha de SP
Um dia após o terceiro apagão em jogos no Pacaembu em 2018, o prefeito de São Paulo, João Doria, afastou o administrador do estádio, José Eduardo Gomes. O anúncio foi feito depois de a prefeitura se isentar de culpa no caso e defender a privatização do estádio municipal.
Doria disse que a prefeitura não teve responsabilidade na queda de energia durante o jogo deste domingo (4), entre Santos e Corinthians, a terceira no ano em partidas de futebol. Ele afirmou que o estádio é antigo e que o problema vem de gestões anteriores. Para ele, a única solução para os apagões seria a privatização do espaço público.
“O Pacaembu não foi construído na nossa gestão. Não é um problema dessa gestão, é um problema histórico. A solução é a privatização, isso é muito claro. É um estádio que precisa de manutenção, de altíssimos investimentos, não só em energia”, afirmou o prefeito, que é torcedor do Santos e estava no estádio assistindo à partida, mas saiu logo após o apagão. Segundo sua assessoria, é comum que ele saia mais cedo dos jogos para ir a outros compromissos.
Ele disse ainda, a queda de energia é um problema recorrente na região e é de responsabilidade da Eletropaulo, empresa estatal de distribuição de energia.
Após a declaração do prefeito, a Secretaria de Esportes e Lazer da Prefeitura de São Paulo afirmou em nota ter pedido à Eletropaulo a instalação de um novo circuito elétrico na região do Pacaembu, alegando que o estádio recebe uma carga instável como consumidor final da linha de transmissão.
Ainda segundo o comunicado, um laudo preliminar da secretaria apontou que a oscilação teria causado um problema na cabine primária do estádio, responsável por receber e gerenciar a distribuição de energia.
A Eletropaulo, porém, negou que tenha havido problemas no fornecimento energia na região ou no estádio durante a partida.
Mais tarde, o secretário de Esporte e Lazer, Jorge Damião, mudou o tom em relação à nota que sua secretaria havia publicado horas antes e isentou a empresa de energia de culpa.
“Não houve culpa da Eletropaulo. Eles estão sendo parceiros na força-tarefa para descobrir o motivo dos apagões”, afirmou Damião.
O secretário afirmou que que a falta de luz se deu por um problema no interruptor eletrônico da cabine responsável por receber e gerenciar a distribuição da energia no estádio.
Damião explicou que o afastamento do administrador do estádio foi feito em razão de uma força-tarefa montada nesta segunda (5) entre técnicos da secretaria, Eletropaulo e Ilume, departamento de iluminação pública da Prefeitura de São Paulo.
“Eles têm um prazo de 48 horas para apresentar uma proposta com ações para sanar o problema. Precisamos dar uma resposta imediata”, afirmou o secretário.
A prefeitura informou que os clubes que alugam o estádio precisam garantir geradores para a realização das partidas de futebol.
Mandante do jogo contra o Corinthians, o Santos afirmou que geradores contratados pelo clube estiveram em perfeito funcionamento durante todo o jogo de domingo, “oferecendo energia suficiente ao estádio”.
Antes, outras duas partidas foram interrompidas por queda de energia. O duelo entre Corinthians e São Caetano, em 21 de janeiro, paralisado por 30 minutos, e, dois dias antes, pela Copa São Paulo, Palmeiras e Portuguesa ficaram 15 minutos sem luz.
PRIVATIZAÇÃO
Em agosto do ano passado, a Câmara Municipal aprovou, por 42 votos a 12, projeto de lei enviado por Doria permitindo a concessão do estádio.
Segundo o prefeito, o próximo passo para repassar o estádio à iniciativa privada deve ocorrer em 24 de abril, com a publicação de um edital de concessão.
“São vários candidatos, consórcios e empresas que vão disputar. E quem vencer terá por obrigação a modernização do estádio”, afirma.
No ano passado, a gestão João Doria projetou uma economia anual de pelo menos R$ 576 milhões de recursos públicos com a concessão e venda de equipamentos no âmbito de seu programa de privatizações, que inclui também parques, cemitérios e terminais de ônibus.
SANTOS
Durante o clássico contra o Corinthians, neste domingo (4), o presidente do Santos, José Carlos Peres, afirmou que o clube jogaria muito neste ano no Pacaembu. A diretoria se empolgou com o público de 34.441 pagantes, o que deu ao clube renda de R$ 1.052.220.
Peres é o presidente na história recente do Santos mais decidido a fazer do estádio municipal a segunda casa do time. Seu antecessor, Modesto Roma Júnior, apesar de ter obtido melhores rendas em São Paulo, sempre foi relutante em tirar a equipe da Vila Belmiro.
Durante a campanha eleitoral, Peres prometeu que metade dos jogos do Santos seria na capital. No Brasileiro, por exemplo, isso significaria nove ou dez visitas ao Pacaembu. O Santos também deve fazer os três jogos da fase de grupos da Libertadores no estádio.
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