SAÚDE

Exame sugere fator humano em infecção de macaco por febre amarela em SP

Animal encontrado morto no zoo em janeiro causou fechamento de parques

Publicado às 10h10

Folha de SP

Uma análise genética do vírus que infectou o macaco do zoológico de São Paulo por febre amarela sugere participação do homem na transmissão da doença.

A constatação foi apresentada durante seminário nesta segunda-feira (5) sobre a doença organizado pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB) com autoridades e especialistas de São Paulo.

A morte do animal, no fim de janeiro, levou ao fechamento do Zoológico.

Segundo Renato Souza, pesquisador do Instituto Adolfo Lutz, exame genético mostrou que o vírus que infectou o animal é mais parecido com os detectados na cidade de Piracaia, a 90 km da capital paulista, do que com os de outras cidades que fazem divisa com a cidade de São Paulo, como, por exemplo, Mairiporã.

Segundo ele, o achado é um forte indício do fator humano no ciclo de transmissão.

Nesse sentido, diz, há duas hipóteses para explicar o que aconteceu: 1) um animal doente foi levado por alguém para o zoológico; 2) uma pessoa infectada pelo vírus, mas assintomática, visitou o local, foi picada por um mosquito silvestre, e esse inseto infectou o bicho.

Souza avalia que a segunda hipótese é a mais provável.

O animal encontrado morto no fim de janeiro foi o único que morreu pela doença nos limites do zoológico. Era um animal de vida livre, não fazia parte do plantel da instituição.

REAÇÕES À VACINA

O médico Éder Gatti, do Centro de Vigilância Epidemiológica, apresentou nesta segunda, durante simpósio sobre febre amarela, os dados de efeitos adversos de vacinação.

Os mais comuns foram os casos de meningite e meningoencefalite após a vacinação. Foram 68 neste ano no estado, em um total de quase 6 milhões de doses aplicadas.

A maioria dos pacientes se recuperou em alguns dias, disse Gatti.

Já os casos de doença viscerotrópica aguda, que é uma espécie de febre amarela acusada pela vacina, foram três em 2017 –os registros de 2018 ainda estão sob investigação–, o que dá uma incidência de 1 em cada 970 mil doses, índice já previsto na literatura médica.

Considerando- se tanto esses índices de problemas colaterais como a circulação do vírus, a recomendação é que todo mundo em área de recomendação de vacina seja imunizado, a menos que tenha alguma contraindicação, como ter menos de nove meses de idade ou estar imunossuprimido devido a algum tratamento. “Muito mais gente teria morrido se não tivesse sido vacinada”, disse Gatti.

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