Publicado em 13/02/2021 às 09h15
Por Redação/via G1
Policiais de 12 unidades da capital e 6 do interior estão usando equipamento com transmissão em tempo real. Em maio, estas unidades tiveram 19 mortes em confrontos. Especialistas apontam necessidade de aprimoramento, com mudança cultural.
A instalação de câmeras no uniforme de policias militares fez com que a letalidade nas ações caísse, pela primeira vez, para zero em junho de 2021 nos 18 batalhões em que o equipamento foi utilizado no estado de São Paulo. Ou seja, ninguém morreu em confrontos com policiais que estavam utilizando esse equipamento. Parte das câmeras começou a ser utilizada ano passado.
Dos 18 batalhões com câmeras nos uniformes, 12 estão na capital: são aqueles responsáveis pelo policiamento em áreas como o Centro, a Freguesia do Ó, Jaçanã, São Mateus, Itaquera, Pinheiros, Ipiranga, Paraíso, Capão Redondo e Morumbi, em todas as regiões da cidade.
Policiais das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), que começou a utilizar as câmeras em maio deste ano, e a Rocam, que é policiamento por motos, também passaram a usar as câmeras e não registraram mortes no mês de junho.
Os outros batalhões com letalidade zero em junho estão em Guarulhos, São Bernardo do Campo, Campinas, São José dos Campos, Sumaré e Santos.
Em maio, houve 19 mortes nestes batalhões, contra 0 em junho.
Segundo a PM, as câmeras não podem ser desligadas pelos policiais e são controladas à distância, com transmissão em tempo real. Com elas, os comandantes podem acompanhar as ocorrências em diferentes regiões do estado e o dia de trabalho das equipes fica registrado, com as gravações sendo colocadas à disposição da Justiça, se necessário.
Os equipamentos são chamados de “câmera operacional portátil”, denominadas sob a sigla “COP” e flagram, além das ações dos PMs, as das pessoas que são abordadas suspeitas de cometerem crimes nas ruas.
A ouvidoria da PM acredita que a o uso das câmeras irá estimular a transparência e o bom comportamento dos agentes nas ruas.
Integrante do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o especialista Rafael Alcadipani vê como positiva a redução da letalidade, mas afirma que é necessário investir em outras formas de diminuir a violência policial.
O professor de direito da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Thiago Amparo entende que as câmeras sozinhas não efetivas, mas que é necessário que haja uma mudança cultural.
O armazenamento dos vídeos custa, por mês, cerca de R$ 1,2 milhão aos cofres do estado. O governo quer comprar mais 7 mil câmeras ainda este ano.
Imagem: Reprodução/Rota, tropa mais letal da PM de SP, vai usar pela 1ª vez câmera corporal nos uniformes policiais, como mostra policial militar feminina acima de outro batalhão — Foto: Marcelo S. Camargo/Frame/Estadão Conteúdo (Arquivo) e Divulgação PM de SP
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