Publicado às 9h30
Agência Estado
A fisioterapeuta Ana Paula Fraga Ribeiro, de 45 anos, mora em Perdizes, zona oeste de São Paulo, e se desloca com frequência para Moema, Itaim-Bibi e Vila Olímpia para atender pacientes. Até o início do ano passado, ela utilizava caminhos alternativos para cruzar os bairros. Desde que a velocidade máxima nas Marginais aumentou, Ana prefere utilizar essas vias. ‘Compensa mais porque elas estão mais rápidas. Por incrível que pareça, vou pela marginal para fugir do trânsito.”
A percepção da fisioterapeuta está correta. De acordo com dados da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) de 2014 a 2017, obtidos pelo Estado por meio da Lei de Acesso à Informação, os índices de congestionamento das Marginais do Tietê e do Pinheiros vem caindo. Na época em que a velocidade máxima foi aumentada, no início da gestão João Doria (PSDB), em janeiro de 2017, especialistas de trânsito diziam que havia a expectativa de que os congestionamentos aumentassem, mas não foi o que ocorreu. Na média, os índices mantiveram a tendência de queda já observada em 2016. Em alguns casos, como a pista sentido Interlagos da Marginal do Pinheiros e a sentido Ayrton Senna da Marginal do Tietê, essa redução se acentuou em 2017, chegando, no segundo caso, a uma queda de 16% em relação a 2016.
No entanto, os especialistas em trânsito não fazem relação direta entre a redução de congestionamentos e o aumento dos limites de velocidade. Eles acreditam que o crescimento do número de agentes da CET nas vias é que ajudou a diminuir o trânsito.
Com a promessa de evitar mortes com o retorno das antigas velocidades máximas, a CET criou o Marginal Segura, programa que reforçou o número de agentes de trânsito, de 169 para 259. “Com mais agentes, eles chegam mais rápido no local das ocorrências”, diz Sérgio Ejzenberg, mestre em Transportes pela Universidade de São Paulo (USP).
O resultado direto, entretanto, não foi alcançado. No ano passado, contrariando a tendência de queda dos anos anteriores, o número de mortos em acidentes de trânsito nas duas vias aumentou de 26 para 34. Mas o total de acidentes com vítimas teve ligeira oscilação para baixo, de 472 para 462 registros.
Para os especialistas, outro fator que contribuiu para a queda nos congestionamentos é a redução da atividade econômica na cidade, que influencia a circulação de veículos, uma vez que as viagens diminuem. Feitas as médias, a única pista em que o congestionamento ficou pior é central da Tietê, sentido Ayrton Senna, que mantém os índices em alta desde 2015.
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