Publicado em 03/05/2022 às 11h
por Redação
Gordura, fumaça, mau cheiro e uma imensidão de motoboys na frente de casa. Essa é a rotina de quem vive ao lado das chamadas “dark kitchens”, um modelo de negócio que ganhou visibilidade durante a pandemia e virou solução para muitos estabelecimentos. Com o delivery em alta, os restaurantes passaram a investir em cozinhas compartilhadas e dedicadas exclusivamente a serviços de entrega. Em um único galpão, podem coexistir até 35 cozinhas industriais, que juntam causam um grande impacto na vizinhança.
Convivência complicada
Os moradores da Lapa e Vila Leopoldina foram os primeiros a descobrir, na prática, como a convivência com as “dark kitchens” é difícil. Na Vila Leopoldina, por exemplo, onde foi lançada a primeira cozinha fantasma do Brasil, uma senhora foi retirada de casa após passar mal com o odor de gordura. Na Vila Romana, a vizinhança mal consegue dormir ou lavar roupa por conta do barulho das máquinas e da fumaça lançada pela chaminé do galpão. Uma moradora conta que também teve que enfrentar o forte odor de gordura 24 horas por dia, além do barulho, porque ficava em casa trabalhando durante o auge da pandemia.
O vaivém intenso de motoboys também tem tirado o sossego da vizinhança. Segundo relatos, muitos estacionam as motos nas calçadas, impedindo a passagem de pedestres. Alguns até chegam a urinar na rua pela falta de acesso a sanitários.
Resoluções
Em meio às reclamações, o Ministério Público abriu inquérito para cobrar a Prefeitura sobre o funcionamento das “dark kitchens”. Do lado das empresas, os responsáveis afirmam que cumprem todas as regras previstas e não há irregularidades. Para se ter ideia, de acordo com a regulamentação municipal, uma dark kitchen deve ter alvará próprio de funcionamento, assim como cada restaurante que opera dentro do galpão. Além da licença individual de funcionamento, o estabelecimento não pode emitir barulho acima de 55 decibéis após às 22h.
Questionada sobre a dark kitchen da Rua Clélia, a Subprefeitura Lapa destaca que foi aberto um processo de cassação da Licença de Funcionamento em 21 de janeiro. Porém, no dia 4 de fevereiro, foi emitida uma intimação de defesa pelo proprietário. O caso foi encaminhado à Procuradoria-Geral do Município.
Adicione Comentário