Publicado em 23/01, às 11h50
Por Priscila Perez
“Quando eu era criança, o rio era limpo. Eu pescava nele”, conta Marcos Paulo, de 61 anos, morador de Pirituba. O relato, imerso em nostalgia, é um vislumbre de uma realidade muito distante para o paulistano, que já está acostumado com as águas cinzentas do Rio Tietê. Abandonado, o rio virou uma “draga” de dinheiro público – gestão após gestão. É o que aponta o TCE (Tribunal de Contas do Estado) em seu mais recente relatório sobre o tema. Nos últimos oito anos, os 31 contratos destinados à despoluição do rio já consumiram 1,7 bilhão. A informação foi divulgada na última quarta-feira, 22 de janeiro.
Buscando dar maior transparência à empreitada, o TCE divulgou um mapa onde é possível acompanhar o andamento de todo o projeto. “É um mapa para mostrar como está a situação para a sociedade, que pode cobrar. Faz parte de uma política de transparência”, salienta Antonio Roque Citadini, conselheiro do TCE.
Para se ter ideia, o Projeto Tietê existe desde 1992. De lá para cá, o governo estadual desembolsou quase US$ 3 bilhões, cerca de R$ 12 bilhões. Apesar da quantia exorbitante, a Sabesp defende que, por conta desse investimento, foi possível ampliar a rede coletora de esgoto. Mais de 11 milhões de pessoas foram beneficiadas nesse período. Mas o sistema só deverá ser concluído em 2030. Então, ainda temos dez anos pela frente.
“São obras complexas e de longa execução realizadas em municípios atendidos pela Sabesp que trouxeram já benefícios visíveis: a poluição do Rio Tietê podia ser percebida por mais de 500 km em direção ao interior do Estado. Hoje, ela foi reduzida a 163 km”, finaliza a Companhia.
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