Publicado às 9h25
Folha de SP
Dois meses após um viaduto ceder e ser interditado na zona oeste de São Paulo, a prefeitura interrompeu nesta quarta-feira (23), por questão de segurança, o trânsito na ponte da pista expressa da marginal Tietê que dá acesso à rodovia Dutra.
A decisão foi tomada após a constatação de dano grave em uma dasvigas que sustentam a estrutura. Não há nenhuma previsão de data para a liberação do tráfego no local.
O bloqueio, na altura do Tatuapé (zona leste), foi feito a dois dias do feriado em comemoração do aniversário de 465 anos da cidade, quando é esperado um fluxo intenso de veículos na rodovia.
A prefeitura estima que em torno de 50 mil carros passem pela ponte diariamente. Para o feriado, eram esperados mais de 200 mil veículos, segundo a CCR. Alterações no trânsito da região serão divulgadas pela CET.
O prefeito Bruno Covas chegou ao local às 19h50, acompanhado dos secretários de Obras, Vitor Aly, e de Mobilidade e Transportes, Edson Caram, e de auxiliares.
Segundo Covas, o dano, na primeira viga acima do rio, foi grave e “muito semelhante” ao que levou o viaduto da Marginal Pinheiros a ceder em novembro do ano passado. Desta vez, contudo, a estrutura não cedeu.
“Muito provavelmente, dia mais, dia menos, a gente teria aqui nesta ponte o que nós tivemos lá no viaduto da Marginal Pinheiros”, afirmou ele, sem descartar que “talvez outros problemas apareçam” durante o processo.
O prefeito afirmou que entrou em contato com o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, já que a ponte é federal, e que aguarda uma resposta de Brasília para dar início à recuperação, o que deve chegar amanhã.
“Nos colocamos à disposição para ajudar e, se for o caso, fazer a recuperação da viga”, disse. Depois, disse, pediriam ressarcimento ao governo federal.
“A ordem é fazer o mais rápido possível, mas também garantindo a segurança, garantindo que quando ela for entregue, nós vamos ter total tranquilidade para a população utilizar essa ponte.”
Por volta das 20h, a marginal Tietê apresentava 6,5 km de congestionamento na pista local no sentido Ayrton Senna. Na via central a lentidão atingia cerca de 4 km.
O aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, emitiu uma nota para avisar os usuários sobre o incidente, já que a via Dutra é um das suas principais rotas de acessos.
“Em razão da interdição da alça de ligação entre a pista expressa da marginal Tietê e rodovia presidente Dutra, o GRU Airport alerta a todos aqueles que desejam chegar ao aeroporto que utilizem a rodovia Ayrton Senna”.
A ponte interditada nesta quinta estava na primeira lista de estruturas viárias que necessitam passar por uma vistoria mais detalhada na capital.
Com a interdição da ponte, os motoristas agora possuem apenas uma alternativa para acessar a Dutra, pelo acesso à rodovia Fernão Dias. Para isso, no entanto, é preciso trafegar pela pista local ou central, já que essa via não tem ligação com a pista expressa.
No fim de novembro, parte de um viaduto na marginal Pinheiros, na altura do parque Villa-Lobos, cedeu e criou um degrau de cerca de dois metros na estrutura. A administração prevê para maio a retomada do trânsito no viaduto, quando as obras devem ser concluídas.
A relação das pontes prioritárias para obras de manutenção foi elaborada após a prefeitura pedir ao TCM (Tribunal de Contas do Município) autorização para contratar de forma emergencial, e sem licitação, empresa para realizar vistoria estrutural em 34 pontes e viadutos da capital.
Após o viaduto na marginal Pinheiros ceder, a gestão Covas revelou em documento enviado ao TCM que não possui informações sobre a real condição de uso das pontes e viadutos da cidade. A grande maioria das estruturas nunca havia passado pela chamada vistoria detalhada, apenas a visual, em que técnicos fazem a avaliação de forma superficial.
A relação foi uma exigência do TCM para liberar a contratação emergencial de empresas que vão apresentar em até quatro meses um laudo detalhado das estruturas viárias.
A alça de acesso da pista expressa da marginal Tietê para a Dutra foi uma das oito estruturas que passaram por essa vistoria superficial da prefeitura recentemente e foram avaliadas como problemáticas e, portanto, consideradas aptas a serem avaliadas de forma detalhada por uma empresa terceirizada.
Na semana passada, o prefeito afirmou que a administração irá concluir a vistoria superficial das 73 pontes e viadutos que constam no TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) do Ministério Público.
Há mais de dez anos, o Ministério Público cobra da Prefeitura de São Paulo maior rigor na manutenção dessas construções.
Um TAC firmado em 2007, na gestão Gilberto Kassab (PSD), obrigou o município a criar um programa de manutenção para pontes, viadutos, galerias e túneis.
Como o TAC não foi cumprido, a prefeitura tenta, agora, reverter na Justiça a aplicação de multa de R$ 34 milhões.
PONTES E VIADUTOS FEDERAIS
Em agosto, a Folha mostrou que uma em cada cinco pontes e viadutos sob jurisdição federal necessitam de ajustes. O Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), vinculado ao Ministério dos Transportes, detectou que 1.712 das cerca de 8.000 estruturas federais precisam de manutenção. Destas, 920 foram consideradas prioritárias.
O trabalho, no entanto, é lento. A meta do Dnit em 2018 era estruturar um plano de trabalho para a manutenção de 372 pontes e viadutos (desde limpeza e pintura até a recuperação de elementos estruturais) e para a reabilitação de 27 (adequação a novas necessidades, como aumento da capacidade de carga ou ampliação de dimensões).
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