Publicado às 9h20
Folha de SP
Tiro, porrada e bomba. E uma rajada de piadas entre uma perseguição e outra. Basicamente, eis a receita de “Meu Ex É um Espião”, longa-metragem que mistura comédia e ação sem se preocupar com a quantidade dos ingredientes.
Logo de cara, a diretora Susanna Fogel transforma tudo na tela em hipérbole. Além de fôlego, é preciso uma dose generosa de abstração para assistir ao longa. Nada está ali com o intuito de ser levado a sério. Os absurdos se amontoam, na tentativa de apresentar ao público uma releitura engraçada e espalhafatosa sobre os filmes de espionagem.
Mila Kunis e Kate McKinnon conduzem essa comédia acelerada que se aproxima do tom de “A Espiã que Sabia de Menos” (2015), porém vai umas boas notas adiante —no sentido de intensidade e ambição.
A história em si não importa muito. Um rocambole meio genérico, que se limita a dar embalagem nova aos inevitáveis clichês do gênero e não tem vergonha do ridículo.
Vale afogar o bandido numa panela fumegante de fondue de queijo ou chamar “Eddie” Snowden para quebrar um código de segurança.
A vida de Audrey (Kunis) sofre um chacoalhão quando ela descobre que seu ex-namorado (Justin Theroux) é um agente da CIA. Acaba envolvida numa trama de espionagem internacional, ao lado da melhor amiga, Morgan (McKinnon). Incumbida de completar a missão deixada pelo tal ex, a dupla embarca num invejável tour pela Europa, onde passa a ser perseguida.
Faz parte do jogo não saber quem é mocinho ou vilão. As guinadas são tantas que quase provocam tontura.
Mesmo sob tantos exageros, Mila Kunis e Kate McKinnon (hilária) seguram as pontas e constroem uma parceria escrachada, que lembra as patacoadas de “Corra que a Polícia Vem Aí” (1988).
Embora esse salseiro de comédia e ação nem sempre funcione, “Meu Ex É um Espião” tem suas boas sacadas.
Entretenimento rasteiro, mas, em alguns momentos, toscamente divertido.
Adicione Comentário