Publicado às 9h30
Folha de SP
Tem muitas garrafas de vinho e não tem uma adega climatizada? Estamos juntos nessa.
Vou falar da minha experiência, já acumulei um máximo de 200 garrafas, no ano passado. Então me mudei para um apartamento pequeno, ou entravam as garrafas ou eu, e separei 30. As outras estou abrindo no que chamei “família bebe tudo”, os melhores vinhos são os abertos.
Porque vinhos para guardar são muito poucos. Esta classificação misteriosa, “vinhos de guarda”, se refere àquelas garrafas que precisam de duas décadas para estarem no seu auge, quando o vinho está no ponto ideal para ser bebido, cheio de aromas e sabores acrescentados pelo tempo.
São, em geral, os grandes nomes de Bordeaux, os Barolos, alguns borgonhas. Caros e pouco accessíveis aos nossos bolsos. E precisam mesmo de temperatura controlada, sossego de grandes adegas subterrâneas, coisa para restaurantes de luxo, hotéis, magnatas árabes.
Os vinhos que consumimos, na vida real, são de dois tipos: ou são para beber em dois ou três anos, como a maioria dos que compro; ou já são vendidos pelas importadoras no seu momento de beber, eles guardaram para nós (e pagamos por isso, faz sentido).
Em casa, com as três dezenas de garrafas, basta evitar o inimigo mortal dos vinhos, o calor (e o vilão coadjuvante, a luz). Ache um lugar em que não bata sol, quanto menos claridade melhor, e nem faça calor. Pode ser um cantinho da cozinha, um armarinho na sombra.
Garrafas podem ficar de pé (o ideal é deitadas), mas por pouco tempo não tem importância. Quando chega o verão avassalador, aquelas temperaturas de 40 graus, pego minhas cinco garrafas tesouro e coloco na gaveta de verduras da geladeira, as demais aguentaram viagens, prateleiras de supermercado, não morrem.
Se quiser pode usar um frigobar esquecido, ou comprar uma adeguinha de 12 garrafas, dá e sobra para sua necessidade, é um gadget mais por boniteza do que por necessidade.
Eu nunca tive adega de nenhum tipo, até gostaria de descer dois lances de escada para catar a garrafa de Porto especial, separada para uma ocasião memorável e trazê-la dramaticamente para a sala de jantar. Daria tanto trabalho manter esse negócio arrumado que eu prefiro comprar uma quando surgir algo digno de bebê-la.
As perguntas eu sei quais são. A rolha é melhor que a tampa de rosca? Para 20 anos sim, para um ou dois anos, igual. As garrafas ficam deitadas por quê? Para manter as rolhas úmidas evitando que o ressacamento as desfaça deixando entrar oxigênio, mas, insisto, é o caso das duas décadas, nada disto importa no curto prazo.
E o que fazer com as sobras de vinho? Melhor não ter sobras. Quando acontecem aqui em casa, ou viram molho, ou viram ótimo vinagre (basta colocar um pouco de vinagre como isca, igual se faz com iogurtes e deixar num canto fresco) ou, quando sobra um grande vinho, congelar.
O melhor sistema de preservação é congelar. Se vai beber amanhã o resto, não precisa, a geladeira resolve. Mas se quer guardar longamente, passe para uma garrafa pet de água mineral e coloque no freezer.
Quando descongelar, naturalmente, em cima da mesa, sofre leves alterações na textura, costumam aparecer cristaizinhos do ácido tartárico, que não afetam o sabor. Não há vacuvin ou rolhas malucas que ganhem desse método.
1. As sobras de vinho se dão muito bem no congelador
2. Eis o melhor lugar para colocar os vinhos de guarda
3. Os vinhos mais jovens podem ser guardados em pé ou deitados
4. Uma das formas de aproveitar sobras de vinho é colocá-las em molhos
Os inimigos do vinho:
Calor
Luz
Oxigênio
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