Publicado às 10h50
Por Cristina Braga
É muito fácil comprar um carro, hoje em dia, tendo as facilidades do crédito, especialmente estimulado para as classes C e D. O Brasil já tem um automóvel para cada 4,4 habitantes. Porém, ao mesmo tempo que a aquisição cresce, veículos abandonados em vias públicas fazem parte do desolador cenário da cidade, em todos
os bairros. O abandono, se não for produto de roubo, furto ou apropriação indébita, transforma-se em um problema de saúde pública e segurança. O morador da Vila Mangalot, José Alberto Tavares da Silva, conhece bem o transtorno. “Tem carro há mais de seis meses perto de casa, servindo de moradia para indigentes”, reclama. “A grande insatisfação é que a subprefeitura já foi informada, e nunca apareceu no local.” Cobertos de sujeira, com latarias enferrujadas e pneus arriados, esses veículos viram depósito de dejetos ou esconderijo para assaltantes.
As regionais apreendem automóveis abandonados por mais de cinco dias consecutivos, e os fiscais aplicam adesivo sobre as portas. A multa por abandono de veículos pode chegar a R$ 15.520 — sem contar os custos de remoção, que dependem das características do carro e da distância do pátio.
Mais que o dobro
Segundo a Prefeitura, a quantidade de veículos abandonados nas ruas subiu desde o início de 2018. O aumento foi de 55% em comparação ao mesmo período do ano passado. A Subprefeitura Pirituba/Jaraguá afirma
que, atualmente, há mais de 600 solicitações no portal 156 para recolhimento de carros. Só na região, 59 foram retirados das ruas entre janeiro e agosto deste ano. Na regional da Freguesia do Ó, os 194 veículos registrados
sofrem ação fi scal desde o começo de 2018. Já na Lapa, foram flagrados 45 carros este ano.
Leilão na Lapa
Outro leilão de carros está previsto para o dia 4 de outubro pela Subprefeitura Lapa. O primeiro, em junho, foi suspenso por recurso “para mais informações”. Entre os principais motivos para o aumento do abandono, segundo
especialistas, está a crise econômica, que dificulta a manutenção dos veículos, gerando a chamada “reintegração de posse”. “A Lei dos Resíduos Sólidos estabelece que as indústrias de bens duráveis sejam responsáveis pelo
recolhimento desse material, como parte da chamada ‘logística reversa’. Não seria o caso das montadoras seguirem a lei? Seria uma enorme contribuição, principalmente para o Meio Ambiente”, finaliza Carlos Fernandes,
subprefeito da Lapa.
* Com a colaboração de Gabriela dos Santos
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