Publicado em 12/04/2022 às 9h40
por Ira Romão/via Agência Mural
Michael, de 18 anos, é um dos 55 jovens que cumprem medidas socioeducativas na Fundação Casa de Pirituba, na zona noroeste. Ele chegou à unidade há cinco meses e estava sem estudar nos últimos anos. “Quando cheguei aqui, não sabia ler muito bem. Comecei a me esforçar e agora consigo ler muito melhor. Presto mais atenção nas matérias e, sempre que tenho dúvidas, peço ajuda dos professores”, conta. Hoje, ele cursa a 8ª série do ensino fundamental, etapa que já havia reprovado três vezes.
Para se ter ideia, no estado de São Paulo, 4.674 jovens de 12 a 21 anos estão em atendimento na Fundação Casa, segundo dados da AIO (Assessoria de Inteligência Organizacional) da instituição. Enquanto cumpre medidas socioeducativas de privação de liberdade, o adolescente tem o direito de frequentar a educação formal. Cabe a ele assistir às aulas, fazer lições e passar por avaliações, assim como ocorre na rede estadual.
Seduc e Fundação Casa
Para garantir esse direito, a Fundação Casa trabalha em parceria com a Secretaria Estadual de Educação, que destina uma instituição de ensino da rede pública estadual para cada unidade da Fundação. Intitulada como escola vinculadora, ela é responsável por administrar as classes instaladas no centro, além de realizar a matrícula e emitir o certificado de conclusão. Os professores são da própria rede também.
A Fundação Casa de Pirituba tem a escola estadual Ermano Marchetti como instituição vinculadora. Dividida em dois prédios, a unidade tem nove salas de aulas ativas. São três multisseriadas, que atendem às séries do fundamental 2; cinco salas seriadas dos três anos do ensino médio; e uma do ciclo 1 (alfabetização). Além das aulas habituais, os professores têm um projeto denominado “Ler e escrever” em que estimulam o aprendizado por meio da leitura.
“Penso que estou em uma escola normal. Às vezes até esqueço que estou na Fundação, só lembro quando vamos para o intervalo”, reflete Michael.
Futuro
Victor Lorenzo, de 16, que também é interno do centro de Pirituba, sente o mesmo. “É uma sensação boa, porque a escola para mim é um lugar aonde você vai para respeitar os professores, aprender e focar nos objetivos”, conta. Há um ano e um mês na Fundação Casa, ele cursa o 2º ano do ensino médio e conta que se sentiu aliviado quando descobriu que poderia dar continuidade aos estudos lá dentro. “Foi uma paz para mim porque posso usar [os estudos] para passar o tempo.”
O ensino na Fundação Casa tem dado aos jovens a oportunidade de sonhar e planejar o futuro, Curiosamente, os dois jovens planejam cursar faculdade na área de TI (Tecnologia da Informação).
Adicione Comentário