Publicado às 9h20
G1 São Paulo
Gabriel Leguthe Laffot, jovem encontrado morto nesta sexta-feira (5) nas escadas do terminal de ônibus e metrô da Barra Funda, na Zona Oeste de São Paulo, completaria 23 anos na próxima semana. Em entrevista ao G1, a mãe dele, Vilma Leguthe, contou que soube da notícia da morte pela polícia e pela assistente social da Prefeitura de São Paulo.
“Ele estava sofrendo muito. O que me conforta é que agora ele terá paz e irá descansar”, afirma.
Segundo Vilma, “ele devia estar com fome, muito frio e com muita dor na perna, porque ele operou recentemente depois de ser atropelado na rodovia dos Imigrantes”. Para ela, os amigos de Gabriel relataram que ele foi dormir molhado por causa da chuva e só pedia bebida.
Vilma não o via desde 5 de junho. “Ele nos ligava de orelhão e quando queria um banho, uma comida, corria para a casa da minha mãe. Ele a amava.”
A mãe de Gabriel disse que o filho não morava com ela desde os 9 anos e que foi viver com o pai e o irmão mais velho cerca de dois anos após a separação dos pais. “Ele amava o pai e o irmão. Queria ficar com eles. Foi morar na casa da família do meu ex-marido. Mas logo depois que o pai faleceu de câncer, ele foi morar com o irmão”, conta.
De acordo com ela, o jovem era dependente de álcool e drogas. “Desde pequeno não conseguíamos segurar ele. Eu, os irmãos mais novos e minha família tentávamos de tudo para ajudá-lo. Eu falava: ‘Meu filho, eu não vou te abandonar'”, relata. Ela contou que no Dia das Mães Gabriel estava com a família e que eles combinaram que seriam “uma família novamente”, mas que, depois de alguns dias, ele foi embora.
O irmão de Gabriel também era dependente de drogas e faleceu em 2015. “Ele [Gabriel] não aceitou a morte do pai nem a morte do irmão. Ele se revoltou muito.”
Vilma disse que o filho Gabriel vendia salgado nos trens da CPTM e que, com o dinheiro, pagava um quartinho na Barra Funda e se sustentava. Mas, no último mês, ele estava morando nas ruas.
Ela diz que não conseguiu internar o filho. “Ele não aceitava. Não aceitava que era viciado e dizia que parava quando quisesse. Nós também não tínhamos condições financeiras para colocá-lo numa clínica particular e nunca soubemos onde procurar ajuda do estado. Gabriel morreu com a mesma idade que o irmão morreu, 22 anos.”
Outras 3 mortes
Além de Gabriel, outras três pessoas em situação de rua foram encontradas mortas após a chegada de uma frente fria à capital. De acordo com a polícia, em um dos casos, o homem foi vítima de overdose.
Um deles foi encontrado na rua doutor Pacheco e Silva, no Centro da cidade, também na sexta. O homem estava perto de um orelhão, molhado e descalço. Algumas pessoas passaram pelo local e o cobriram com cobertores e um plástico, pensando que ele estava dormindo.
O outro foi encontrado em Itaquera, na Zona Leste de São Paulo, depois de uma madrugada em que os termômetros marcaram 7,4 ºC. O homem, que não foi identificado, foi encontrado com o corpo arroxeado na rua Professor Leonídio Alegrete, por volta das 6h50 deste sábado (6).
No domingo (7), um morador de rua foi encontrado morto em frente a um posto de saúde em Santo André, no ABC Paulista. Um perito foi ao local e constatou que a boca dele tinha sangue e que havia indícios de overdose. Havia pedras de crack perto do corpo.
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