Publicado em 17/8/2020
Por Sandra Santana
A pandemia do coronavírus veio para mostrar o abismo social existente em grandes cidades, como é o caso de São Paulo e da nossa região noroeste. O vírus já matou na capital mais de dez mil pessoas e outras 258 mil estão com a doença. Ao todo, 10,9% da população já pegou a Covid-19 e tem anticorpos contra a doença, totalizando 1,3 milhão de pessoas.
Apesar de 40% dos infectados ficarem assintomáticos, os números são extremamente preocupantes e ficam ainda mais alarmantes quando apresentados os setores da população que contraíram a doença. O índice de infecção é três vezes maior nas classes sociais mais baixas, segundo o inquérito sorológico da Prefeitura de São Paulo.
As pessoas das classes D e E têm três vezes mais chance de contrair a doença do que as das classes A e B. A maioria dos casos é em pessoas com o ensino médio completo (15,3%), pardas ou pretas (14,8%), das classes D e E (14,3%), que moram com, ao menos, outros quatro indivíduos (12%) e que não fazem distanciamento social (13,5%).
A boa notícia para os leitores da Folha Noroeste é que a doença na nossa região é a menor em relação às demais áreas de São Paulo. Os casos nos bairros da região centro-oeste atingem 4,9% das pessoas, contra 14,7% da zona sul. As demais áreas registram 7,9% na zona norte, 11,9% na sudeste e 11,5% na leste.
Logo no início da pandemia, criei com o médico infectologista Luiz Taveira e outros parceiros o programa Levando Saúde, que orienta e trabalha a prevenção de doenças em comunidades extremamente carentes como é o caso da Capadócia, na Vila Brasilândia. Nessas visitas às comunidades, identificamos a falta de informação e acesso a itens básicos como o uso de máscara e álcool em gel, que são fundamentais para o combate da doença e que podem salvar vidas.
A maior taxa de infecção está na faixa etária entre 18 e 34 anos, que contrai a doença por estar trabalhando, mas também aos fins de semana, em encontros e eventos que não respeitam o distanciamento social ou, até mesmo, realizam festas, bailes e pancadões clandestinos.
Temos o dever de continuar divulgando as informações, principalmente para as camadas sociais mais vulneráveis, por isso faço questão de utilizar esse espaço para compartilhar minha preocupação com os mais jovens, pobres e negros, que estão mais suscetíveis à contaminação pela Covid-19. Cada um precisa fazer a sua parte para vencermos essa doença, e cuidar dos mais necessitados é fundamental para que todos saiamos vitoriosos.
Sandra Santana
Mobilizadora social, foi subprefeita de Perus-Anhanguera e da Freguesia-Brasilândia
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