Publicado às 10h45
Por Cristina Braga
O governador João Doria (PSDB) anunciou na semana passada que a Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo) deve ser transferida da Vila Leopoldina até 2020. Essa mudança, entretanto, não é novidade e já foi expressa por gestões anteriores. É também desejo antigo do atual governador, inclusive enquanto prefeito da capital. A ideia consiste em implantar no atual endereço do entreposto, com 740 mil metros quadrados, o SP CITI – o mais novo Centro Internacional de Tecnologia e Inovação de São Paulo.
Em rede social, Doria destacou que a nova central de abastecimento estará em uma área seis vezes maior. “Com isso, vamos ter mais permissionários, além de melhores condições físicas e operacionais”, disse o governador. Mas fez segredo sobre o futuro endereço. Segundo ele, o objetivo é levar o entreposto para perto de uma rodovia. Perus, Santana de Parnaíba e Barueri estão entre as localidades escolhidas para receber a nova Ceagesp, além do Nesp na Rodovia dos Bandeirantes com acesso pelo Rodoanel Oeste.
Permanência e reforma
Ao receberem a notícia, representantes de seis entidades protestaram contra a saída da Ceagesp, no último dia 29, com carro de som. Eles defendem a revitalização do local. Hilton Piquera, representante do Sincomat (Sindicato do Comércio Atacadista de Hortifrutigranjeiros e Pescados), é contra a atitude do governador. “Temos aqui cinco rodovias, marginal e acessibilidade. No rodoanel, só há uma saída, além de encarecer mais o produto final.”
O comerciante de hortaliças Valdemar Cavalcanti trabalha há 40 anos no entreposto e está inconformado com a mudança. “Se sair daqui, vou parar de trabalhar. Nem sabemos para onde vamos”, pontua. Assim como ele, muitos comerciantes reclamam de que não foram ouvidos por ninguém da esfera pública.
Representando o Sincomflores (Sindicato do Comércio Atacadista de Flores e Plantas), que congrega 1,2 mil permissionários, o advogado Paulo Murat também esteve na manifestação contra a saída do entreposto da Vila Leopoldina e sugeriu uma pequena paralisação como advertência para o governo. “O Estado deve R$ 95 milhões para a Ceagesp e não paga. Já quitou R$ 110 mi de uma dívida de R$ 200 mi. Com o dinheiro, daria para revitalizar este espaço”, assegura Murat.
Em meio à indecisão e às dúvidas dos comerciantes, são comercializados 10 milhões de quilos de hortifrútis
diariamente. A terceira maior central de abastecimento do Brasil paga (dividido entre o condomínio) mais de R$ 23 milhões em IPTU e precisa, de fato, de revitalização em seu espaço. Porém, a necessidade agora é de diálogo com a comunidade desta “cidade” por onde passam mais de 50 mil pessoas por dia.
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