Publicado às 9h50
G1 São Paulo
Durante todo o mês, o Ministério da Saúde e ONGs realizam ações para conscientizar sobre a importância da doação de órgãos. O “Setembro Verde” lembra que, no Brasil, cerca de 33 mil pessoas aguardam transplante, segundo a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO). Um desses brasileiros é o pequeno Nicolas Barbosa, de 3 anos.
Natural de Arujá, cidade da Grande São Paulo, o menino vive há 10 meses na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) infantil do Instituto do Coração (Incor), na capital, aguardando um coração compatível com o seu.
Aos cinco meses de gravidez, Erika Vanessa Barbosa, mãe de Nicolas, sofreu um deslocamento na placenta e, após exames, descobriu que o seu bebê tinha uma cardiopatia congênita, que é uma má formação no coração.
Após o nascimento, com poucos meses de vida, Nicolas precisou fazer uma cirurgia de correção das veias. O coração falhou e, logo após, ele perdeu os movimentos das pernas, teve várias paradas cardíacas e os rins começaram a falhar.
Desde então, Erika decidiu sair do emprego para ficar com pequeno guerreiro no hospital. Ao G1, o pai, Eduardo Muniz da Silva, contou que vive uma batalha diária para encontrar o filho. “Acordo às 5h45, chego no hospital às 8h para minha visita, e saio as 10h50, para dar tempo de chegar no trabalho”, afirmou.
Eduardo conta que, mesmo com o filho entubado e anestesiado, ele faz de tudo para distraí-lo do ambiente da UTI. “Eu fico lendo para ele, converso muito com ele, coloco os vídeos que ele gosta de assistir, faço de tudo que ele gosta enquanto está acordado.”
A madrinha, Renata Ferreira, acompanha saga do pequeno junto com a família e conta que a campanha do Setembro Verde precisa de mais apelo.
“Vou no hospital e vejo muitos sofrendo, uns conseguem vir para casa ,outros ficam anos. Não ouvimos falar da campanha, não tem apelo, precisamos divulgar mais para salvar vidas. Eu não falo só pelo Nicolas, eu falo por todos”, disse.
Otimismo
Em 2017, foram realizados cerca de 27 mil transplantes no Brasil, de acordo com levantamento do governo junto à ABTO. Ainda de acordo com a pesquisa, em relação à taxa de doadores efetivos, que são aqueles que tiveram órgãos transplantados em outras pessoas, o país alcançou, no último trimestre do ano passado, uma taxa de 16,6 doadores efetivos por milhão de pessoas (pmp), algo inédito desde 2009.
A pequena Lorena Torres, de Alagoas, foi uma das contempladas com uma nova chance. Após meses na fila de espera, ela passou conseguiu receber um coração, que foi implantado no Incor.
Hoje pós-transplante, segue com uma recuperação lenta e rigorosa. Aos poucos ela está voltando a ter uma vida normal, como contou a tia da menina, Vanessa Carla. “Os exames de revisão, graças a Deus, estão todos normais. Após 10 meses em São Paulo, Lorena retornou para Alagoas”, disse. Segundo Vanessa, hoje toda a família é doadora e vários amigos abraçaram a campanha.
“Criamos uma campanha nas redes sociais com o objetivo de mostrar o que é a doação e dizer às famílias que aguardam ansiosamente na fila da esperança (fila de transplante) que acreditem, tenham fé, que é possível. Precisamos levar o tema da doação de órgãos aos quatro cantos do Brasil”, conclui.
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