Publicado às 17h10
Por Veja SP
Muitas pessoas gostam de tomar um pouco de vinho para relaxar depois de um dia exaustivo no trabalho, seja no happy hour com os amigos ou em casa assistindo Netflix. No entanto, esse hábito pode trazer sérios riscos à saúde. Cientistas descobriram que ingerir uma garrafa de vinho por semana aumenta o risco de câncer na mesma proporção que fumar até 10 cigarros. No entanto, os riscos diferem quando o sexo é considerado: para homens, a equivalência é de 5 cigarros; já para as mulheres, 10.
O estudo, publicado nesta quinta-feira na revista BMC Public Health, estima que essa quantidade de vinho possa ser responsável pelo câncer de 10 em cada 1 000 homens não-fumantes. Para aqueles que bebem três garrafas por semana, a quantidade sobe para 19. Os cânceres mais prováveis são os gastrointestinais, como colorretal e de estômago.
“Para homens e mulheres no Reino Unido, o risco de câncer ao longo da vida é cerca de 50%. Estima-se que beber uma garrafa de vinho por semana representa um acréscimo de 1% para homens e 1,4% para mulheres em comparação com quem não bebe nem fuma”, explicou Jane Green, da Universidade de Oxford, no Reino Unido, ao The Telegraph.
Apenas um comparativo
De acordo com Theresa Hydes, uma das autoras do trabalho, o estudo apenas apresenta o risco a nível populacional já que, individualmente, a probabilidade do câncer causado pelo álcool ou fumo pode variar. Ou seja, para alguns indivíduos, uma garrafa de vinho por semana pode não ter o mesmo efeito que o consumo de 5 a 10 cigarros. Os pesquisadores destacam que a comparação é uma maneira de facilitar o entendimento dos riscos de saúde representados pelo álcool.
“O consumo excessivo de álcool está ligado ao câncer de boca, garganta, voz, esôfago, intestino, fígado e mama. Mas em contraste com o tabagismo, isso não é amplamente compreendido pelo público. Ao usar cigarros como analogia, esperamos comunicar essa mensagem de maneira mais eficaz para ajudar as pessoas a fazerem escolhas de saúde mais informadas”, comentou Theresa ao Daily Mail.
Para especialistas, a facilidade de entendimento proporcionada pela comparação pode modificar a opinião pública e resultar em redução no consumo do álcool e, consequentemente, os danos ligados a ele. “Ver o álcool sob a mesma perspectiva do cigarros pode resultar em uma diminuição no consumo e danos relacionados. Especialmente para as mulheres”, disse Bob Patton, da Universidade de Surrey, na Inglaterra, à BBC.
Críticas
Segundo Minouk Schoemaker, do Instituto de Pesquisas sobre o Câncer, na Inglaterra, os achados são interessantes, mas o quadro não é tão simples já que é difícil separar completamente os efeitos do álcool e do cigarro. Além disso, para ela, o estudo não levou em conta a duração do tabagismo e o tempo de desistência do hábito. Outra crítica está relacionada ao fato de que o estudo analisou apenas o câncer, desconsiderando doenças cardiovasculares ou pulmonares – comuns em fumantes.
Minouk ainda ressaltou que a análise foi baseada em dados de 2004 e não levou em conta outros fatores de risco para o câncer, como idade, genética, histórico familiar e dieta. “O quadro geral do risco de câncer é extremamente complexo e com nuances, por isso é importante ter em mente que este novo estudo está sujeito a várias suposições”, disse à BBC.
Para finalizar, a especialista ainda destacou que um número considerável de fumantes fuma mais 10 cigarros por dia – e não por semana – e, portanto, o número de cigarros “equivalentes” ao álcool é pequeno.
‘Fumar é mais perigoso’
Apesar de o estudo destacar os perigos do consumo de álcool, os resultados reforçaram que o tabagismo continua a representar um grande perigo para a saúde das pessoas. “O estudo demonstra que, em relação ao risco de câncer, o tabagismo é substancialmente mais perigoso do que o consumo de álcool. Ele também é muito mais perigoso em relação a uma série de outras doenças. Se os fumantes estão preocupados com a saúde, a melhor coisa que podem fazer é deixar de fumar”, ressaltou John Britton, da Universidade de Nottingham, no Reino Unido, à BBC.
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