Publicado às 8h50
Folha de SP
Responsável pela comunicação da campanha de João Doria(PSDB) ao Palácio dos Bandeirantes, o marqueteiro Nelson Biondi é sócio da concessionária que aluga os relógios de rua da cidade de São Paulo —administrada até abril por seu cliente— para publicidade.
Biondi é sócio da Publicrono -Exclusivas Publicitários, que, ao lado das empresas JCDecaux Ameriques e JCDecaux do Brasil, compõe a concessionária A Hora de São Paulo. Biondi integra o consórcio desde 2014.
Dois anos antes, em 2012, o consócio venceu a concorrência para a exploração, por 25 anos, de mil relógios de rua da cidade de São Paulo.
Para a exploração das 2.000 faces dos relógios digitais, o consórcio ofereceu R$ 71 milhões de outorga, sendo R$ 40 milhões iniciais e R$ 134 mil mensais, além de investimentos de mais de R$ 240 milhões para instalar novos modelos.
Filha do publicitário, Ana Célia Biondi Rodriguez é a administradora do consórcio. Desde 2004, ela é responsável pelas vendas da JCDecaux Mídia Brasil e hoje administra outras 12 filiais da empresa francesa.
Em parceria com Duda Mendonça, Biondi atuou nas campanhas de Paulo Maluf e Celso Pitta à Prefeitura de São Paulo. Foi ainda coordenador da derrotada campanha pelo parlamentarismo, em 1993.
Em 2002, ao lado de Nizan Guanaes, coordenou o marketing da campanha de José Serra à Presidência. Coordenou ainda as campanhas de Beto Richa (PSDB) para prefeito de Curitiba (2008) e governador do Paraná (2010).
Em 2014, dois anos depois de A Hora de São Paulo vencer a licitação, Biondi fez a campanha de Geraldo Alckmin (PSDB) ao governo de SP.
Até quatro meses atrás, seu genro, André Gomes, era sócio da agência Lua, uma das responsáveis pela comunicação da Prefeitura de São Paulo.
O contrato de concessão foi assinado em dezembro de 2012, durante o governo de Gilberto Kassab, que foi vice de Serra.
OUTRO LADO
Hoje na coordenação da campanha de João Doria (PSDB) ao governo de São Paulo, Nelson Biondi afirma não haver irregularidade no fato de ser concessionário da prefeitura, atualmente a cargo do também tucano Bruno Covas, que assumiu em abril deste ano.
Biondi relata que, procurado à época por Doria, não coordenou a campanha do tucano à Prefeitura de São Paulo justamente para evitar possível conflito de interesse, em atendimento a uma regra interna do consórcio.
Mas não há impedimento, de acordo com ele, para que atue na disputa pelo governo do estado. “João me chamou para a campanha dele e aceitei porque é para governador”, disse o publicitário.
Biondi afirma não haver obstáculo legal para sua participação na campanha:
“Qual é a lei que me impede de fazer campanha no estado porque sou concessionário da prefeitura? Não tem nada a ver [esse questionamento]. Valeria também se eu estivesse fazendo campanha para o [Paulo] Skaf?”, afirma, em relação ao candidato do MDB e adversário de Doria.
Biondi diz ainda que, em 2014, quando passou a integrar o consórcio, Doria nem sequer pensava em concorrer à prefeitura e que os dois mal se falaram durante a disputa municipal, em 2016.
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