Publicado às 9h50
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Ainda sob a gestão João Doria (PSDB), a cidade de São Paulo teve queda de 26% nas multas de trânsito em janeiro deste ano em relação ao mesmo mês de 2017: 791 mil, contra 1,07 milhão.
Ao longo do ano passado, também houve diminuição, de 14,4%, em relação a 2016, sob o governo de Fernando Haddad (PT).
A quantidade de multas em janeiro deste ano, mês de férias escolares, foi a menor desde fevereiro de 2015, ainda na gestão do petista, quando foram feitas 702.569 autuações de trânsito.
Para o engenheiro de tráfego Humberto Pullin, a mudança pode ser atribuída ao aumento no valor das multas. “Isso, mais do que os pontos na carteira de motorista e a possibilidade de perder a habilitação, faz com que as pessoas fiquem mais cuidadosas”, afirma.
Esse aumento ocorreu em novembro. O valor da multa para infração leve passou de R$ 53,20 para R$ 88,38, da média de R$ 85,12 para R$ 130,16, da grave de R$ 127,69 para R$ 195,23 e da gravíssima de R$ 191,54 para R$ 293,47. “Não tem outra explicação, não teve nenhum trabalho com a população, não vejo outra motivação a não ser essa”, diz.
Arrecadação de multas
Uma portaria lançada pelo Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) obriga os órgãos municipais e estaduais do setor a divulgar 20 dias após o fim de cada mês o total de multas aplicadas, o valor arrecadado e o destino dado a essa arrecadação.
Em São Paulo, município e estado afirmam que já divulgam os dados, mas vão se adaptar à nova determinação, que obriga também a manutenção de uma série histórica dos dados relativa a cinco anos, mês a mês.
O ex-prefeito João Doria (PSDB), que renunciou ao cargo no mês passado para ser pré-candidato de seu partido ao governo de São Paulo, usa a redução do número de multas na cidade no material de divulgação de sua pré-campanha. Na peça, divulgada na sua página no último dia 11, Doria diz ter terminado com a “indústria da multa” na cidade.
A ideia da existência de uma suposta indústria da multa na gestão de seu antecessor já havia sido usada pelo ex-prefeito em sua campanha de 2016. Na publicação, compartilhada até a noite desta terça por 526 seguidores, Doria afirma que sua gestão diminuiu as “pegadinhas” em radares e orientou os guardas-civis a “proteger a população” e não mais a “aplicar multas”.
A gestão Bruno Covas (PSDB) —que assumiu em abril, quando Doria saiu do cargo para se candidatar ao governo— afirma que a queda do número está relacionada ao maior cumprimento às leis por motoristas e à melhor sinalização. Ela diz que não houve nenhuma alteração na fiscalização feita por radares nem por equipes da CET (companhia de tráfego).
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