Publicado em 07/08/2023 às 10h40
por Redação
A revisão do Plano Diretor já sinalizou que a construção de prédios mais altos será estimulada nos arredores dos chamados “eixos de transporte”, o que inclui terminais de ônibus e estações de trem e metrô. Uma verticalização que poderá impactar profundamente a zona noroeste, que abriga as várias estações das linhas 6-Laranja, 3-Vermelha, 8-Diamante e 7-Rubi. Mas, diante da possibilidade do surgimento de numerosos espigões residenciais, como ficam as tradicionais vilas da Lapa e Perdizes?
Em 2018, um estudo conduzido pela arquiteta e urbanista Rosana Helena Miranda, da USP, identificou a existência de 74 vilas em Perdizes e 62 na Lapa. Com as diretrizes aprovadas recentemente durante o processo de revisão do Plano Diretor da cidade, a expectativa era que esses bolsões residenciais pudessem ser preservados de forma mais contundente por conta da pressão popular. Contudo, uma nova minuta da Lei de Zoneamento levantou a possibilidade de “cada caso” ser analisado individualmente pela Prefeitura, o que pode dificultar a preservação e o tombamento desses conjuntos no futuro.
Burocracia e conceito
Outro problema é a burocracia existente no reconhecimento oficial desses locais pela administração municipal. Para a população, as vilas são lugares com estilo de vida “antigo”, sem o frenesi e a verticalização intensa que vemos na cidade. Já a Prefeitura tem um olhar mais técnico sobre essa questão: são conjuntos de lotes constituído de casas geminadas, cujo acesso se dá por meio de via de circulação de veículos de modo a formar rua ou praça no interior da quadra com ou sem caráter de logradouro público”. Essa discordância conceitual, além de atrasar o processo de reconhecimento, acaba excluindo lugares de valor histórico que ainda mantêm sua identidade, mas não se encaixam perfeitamente nesse conceito técnico. O próximo capítulo desse embate virá somente com a discussão da Lei de Zoneamento, que ocorrerá em breve na Câmara Municipal.
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