Publicado às 13h25
Figura de destaque na cena teatral paulista atual, o diretor e dramaturgo Kiko Rieser faz nova temporada da distopia A Vida Útil de Todas as Coisas no Teatro do Núcleo Experimental, entre os dias 28 de junho e 21 de julho. O elenco é formado por Eduardo Semerjian, João Bourbonnais, Louise Helène e Luciana Ramanzini.
Em uma ficção que pode ser lida como um futuro distópico ou um realismo fantástico situado nos dias de hoje, o pai de uma família comum constata que seu próprio pai está com problemas de memória, e procura uma assistência técnica para tratá-lo. Nesse lugar, o idoso recebe o diagnóstico de que não há mais conserto ou troca para seu cérebro, portanto, seu fim está próximo. A indústria de órgãos biônicos – sempre programados para durarem pouco e serem substituídos por modelos mais novos – ainda não conseguiu criar um cérebro artificial, único órgão impossível de trocar.
Como alternativa ao problema, a loja oferece a substituição do idoso por uma máquina com aparência humana. Indignado, o protagonista rejeita a possibilidade e passa a lutar contra o comércio de substituição de pessoas por máquinas, vendo nisso um objetivo para sua vida, até então banal e rotineira. No entanto, nem sua própria filha nem mesmo seu pai aderem a essa campanha, e ele percebe que a sociedade não está interessada nos valores que ele tenta defender.
A encenação parte dessa situação para propor uma discussão sobre os limites entre o público e o privado, um tema cada vez mais atual. Em um tempo em que não há individualidades e identidades, apenas pessoas úteis a tais ou quais propósitos socialmente designados, não pode haver respeito à privacidade, já que tudo e todos devem servir ao sistema do qual fazem parte.
Sobre Kiko Rieser – autor e diretor
Formado em Artes Cênicas pela ECA-USP, dirigiu “Capitu, olhos de mar” (Teatro MuBE e viagens), “Na cozinha com a autora” (com Adriana Londoño e Camila dos Anjos), “Amarelo distante” (texto próprio, baseado em Caio Fernando Abreu, com Mateus Monteiro), “A dama da noite” (de Caio F. Abreu, com André Grecco) e os infantis “Braguinha – sons, canções e histórias” (Sesc Ipiranga e Sesc Pinheiros, indicado a 4 categorias no Prêmio São Paulo) e “O que fica das pessoas que vão”. Produziu alguns desses espetáculos (“Capitu”, “Amarelo Distante”, “Braguinha” e “O que fica…”), além de “Cabarezinho” (dois anos em cartaz no CIT-Ecum), “Gardênia” (em cartaz por 6 anos), “Consertando Frank” (indicado a melhor espetáculo no Prêmio APCA, temporada de um ano e meio em São Paulo e diversas viagens), “Volpone” (Teatro MuBE Nova Cultural), o infantil “Moinhos e carrosséis” (Teatros Cacilda Becker e João Caetano), “A cabala do dinheiro” (direção de Clarice Niskier e André Aciolli, Teatro Eva Herz), “Esperando Godot” (Grupo Garagem 21, indicado ao Prêmio Shell 2017 de Melhor Figurino, diversas viagens), “O quarto estado da água” (com Anderson Di Rizzi e Kiko Pissolato), e a produção local de “Alair” (com Edwin Luisi, Teatro Nair Bello). Produziu também o livro “Amor ao teatro”, compilação de críticas de Sábato Magaldi, finalista do Prêmio Jabuti 2015. Em cinema, escreveu e dirigiu o curta-metragem “Deixe a porta aberta ao sair” (com Lucélia Santos e João Victor D’Alves). Em 2012, foi um dos vencedores do concurso Dramaturgias Urgentes, do CCBB, com a peça “Desassossego”. É autor de “Lapsos” (poemas, Ed. Patuá, 2017) e “Átimo” (romance, Ed. Instante, 2018).
Sinopse
Em uma realidade distópica, o pai de uma família comum tenta se reencontrar com sua própria humanidade enquanto luta contra um comércio de órgãos biônicos e de substituição de pessoas por máquinas.
Serviço
“A Vida Útil de Todas as Coisas”, Kiko Rieser
Onde: Teatro do Núcleo Experimental – Rua Barra Funda, 637, Barra Funda
Quando: Temporada: 28 de junho a 21 de julho. Sextas e sábados, às 21h; e aos domingos, às 19h
Quanto: R$ 20 (inteira) e R$10 (meia-entrada)
Adicione Comentário