Publicado às 11h10
G1 São Paulo
Dois dos seis pichadores acusados de participar do assassinato de um dentista e da tentativa de matar o pai dele em 2016 deverão ser julgados nesta quinta-feira (28), no Fórum Criminal da Barra Funda, na Zona Oeste de São Paulo.
A dupla iria a júri popular no último dia 14, no mesmo fórum, mas a sessão foi adiada a pedido de um dos advogados dos réus, que disse estar doente.
O julgamento de Marivone Pereira da Silva, que está presa, e Anaílson Costa da Silva, foragido, está marcado para começar nesta tarde, a partir das 13h, no plenário 3. O juiz Luís Gustavo Esteves Ferreira irá presidir o júri.
O promotor Bruno Paiva Tilelli de Almeida, representante do Ministério Público (MP), acusa Marivone e Anaílson, conhecido como ‘Consys’, e mais quatro réus pelo homicídio de Wellinton Silva, então com 39 anos, e pela tentativa de assassinato contra Manoel Antônio da Silva, atualmente com 78.
Os seis respondem pelos crimes de homicídio qualificado e tentativa de homicídio por motivo fútil, meio cruel e recurso que dificultou a defesa das vítimas, além de associação criminosa e crime ambiental.
O crime ocorreu no dia 6 de agosto de 2016, na Vila Jaguara. Os seis acusados haviam pichado o muro da casa das vítimas, que tinham ido tirar satisfações com o grupo.
Câmeras
As imagens das câmeras da vizinhança registraram o momento da pichação e quando pai e filho saem da residência. Foram elas que ajudaram a polícia a identificar os criminosos (assista abaixo).
O dentista Wellinton foi morto após levar uma pedrada. Manoel foi agredido e, depois, por causa da gravidade dos ferimentos, teve o braço direito amputado.
Quando aceitou a denúncia da Promotoria contra os acusados, a Justiça ainda decretou a prisão preventiva dos seis pichadores, mas só quatro deles estão presos.
Outros pichadores
Além de Marivone, Adolfo Gabriel de Souza (vulgo THCD2), Adilson Nascimento dos Santos (Triton) e Lucas Rafael Siqueira Nunes (Abstracto-K) permanecem detidos até serem julgados.
Como Anaílson, Aluizio Denis Pires da Silva (Hordm ou Ordem) ainda não foi preso e é considerado foragido da Justiça.
O processo que apura as causas e eventuais responsabilidades pela morte do dentista e da tentativa de assassinato do seu pai foi desmembrado em outros três processos, a pedido dos advogados dos réus. O G1 não conseguiu localizar as defesas dos acusados para comentar o assunto.
Testemunhas
Segundo a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça (TJ), o julgamento de Marivone e Anaílson deve começar e terminar nesta quinta.
Ao todo, dez testemunhas foram chamadas, sendo três pela acusação e o restante pelas defesas dos réus. Uma das arroladas pelo MP é Manoel, pai de Wellinton. Um delegado e um investigador completam o rol das testemunhas da Promotoria.
Os advogados de Marivone arrolaram quatro testemunhas e os de Anaílson, outras três. Como a mulher está presa, ela deverá comparecer ao julgamento. Já o homem, que ainda não foi localizado, poderá ser julgado à revelia.
O que dizem
Os advogados dos outros quatro réus recorreram ao TJ para que seus clientes não sejam julgados pelo homicídio e tentativa de homicídio. Adolfo e Adilson está num processo, e Lucas e Aluizio, em outro. O TJ ainda não julgou os recursos dos acusados.
Marivone, que se identificou como diarista, é namorada de Adilson, que já cumpriu pena por assassinato e é um dos quatro procurados.
A mulher alegou que o namorado e os demais pichadores a defenderam de Wellinton e Manuel, que estava com um facão. Ela não soube dizer quem jogou a pedra que acertou a cabeça do dentista e o matou.
Adolfo, dono do carro que levou os pichadores até a casa das vítimas, também foi preso após se entregar à polícia. Ele negou, porém, que tenha matado Wellinton.
Segundo parentes e amigos, Wellinton era calmo e avesso a discussões, mas quando saiu na calçada para proteger o pai, virou o alvo do grupo. Ele foi agredido com pauladas e pedradas e chegou a ser arrastado por uma escadaria. Acabou não resistindo aos ferimentos e morreu.
Adicione Comentário