Publicado às 8h
Por Cristina Braga
Uma paradinha para pernoitar no meio do caminho – no Largo da Matriz Velha, na Freguesia do Ó – foi o que ocorreu com as tropas chamadas “Voluntários da Pátria”, convocadas para lutar na Guerra do Paraguai. Palco de grandes eventos no passado, o local ganhou em 1934 um marco comemorativo à data de 10 de abril de 1865. “Foi o primeiro pouso dos soldados desde o centro da vila”, conta Benedito Camargo, líder comunitário e diácono da Igreja Matriz da Freguesia do Ó, que batalha para preservar a cultura e a memória do bairro.
Em janeiro de 1965, a comunidade ganhou uma nova pedra, assentada – desta vez – na Praça da Matriz de Nossa Senhora do Ó com a seguinte inscrição: “Local do Primeiro Alto da Expedição partida de São Paulo,
em 10 de abril de 1865, rumo ao Paraguai”. Uma homenagem do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo (IHGSP) em colaboração com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP). Houve um período em que a Freguesia abrigou os dois marcos, tanto o original quanto o de pedra – cada um numa praça. “O primeiro desapareceu na década de 1980”, explica Leandro Silva, ex-membro do Conselho Participativo. Já o segundo sumiu em uma reforma realizada pela Subprefeitura, em 2013. “Alguns o associam [historicamente] ao Capitão Almicar Salgado Santos”, completa.
Segundo o conselheiro, a regional iniciou uma reforma no Largo sem antes obter a autorização dos órgãos competentes, como o Departamento do Patrimônio Histórico (DPH) e o Conpresp (Conselho Municipal
de Preservação do Patrimônio Histórico). “Retiraram o piso, que era um mosaico português, e sumiram com o marco histórico”, conta indignado.
A questão foi levada ao Ministério Público em 2016 por diversos conselheiros, que solicitaram a reposição do marco com uma réplica. Porém, até hoje, não houve resposta. Benedito Camargo é enfático: “o prazo venceu
em novembro deste ano”.
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