Publicado às 9h
Por Gabriel Cabral
Estatísticas da Polícia Militar mostram que, na cidade de São Paulo, as mulheres sofrem mais e estão mais vulneráveis à violência doméstica nas regiões do Capão Redondo, no extremo sul, e em Perus, Pirituba, na Zona Noroeste, e Brasilândia, na Zona Norte.
A conclusão parte de denúncias e pedidos de socorro em ambiente doméstico recebidos de janeiro a julho de 2019 pelo canal 190. Só no Capão Redondo, que encabeça o ranking, foram 907 mulheres que acionaram a polícia. O número representa 6% de todos os casos da cidade, que total 15.561 pedidos de socorro durante o período citado anteriormente.
O estudo divulgado pela Folha de SP mostra a localização geográfica dos casos, em vez de concentrar os dados de acordo com o distrito policial onde as denúncias foram registradas. As informações trazem, ainda, os atendimentos feitos pela PM, mas que não geraram investigação pela Polícia Civil por falta de queixa da vítima, e que ficavam de fora de estatísticas a partir de boletins de ocorrência.
Após o Capão Redondo (com 6% dos casos), estão no topo da lista Perus e Jardim Pirituba (5,4) e Brasilândia (4,6%). Os dados mostram que a violência se faz mais presente em regiões mais pobres da cidade.
Encabeçam a lista com menos números de acionamento os bairros da Consolação (1%), no centro, Vila Mariana (1,2%), zona sul, Vila Leopoldina (1,2%), zona oeste, Sé (1,3%) e Bom Retiro (1,7%), ambos na região central.
Os dados disponibilizados ainda mostram que 38% dos acionamentos acontecem no período noturno, entre 18h e 00h, principalmente aos sábados, domingos e segundas-feiras. Boa parte dos casos, cerca de 13%, também ocorrem às quartas-feiras.
O mapeamento onde há mais casos de violência doméstica é possível graças à criação do A98, código específico criado pelo governo paulista no início deste ano. A ferramenta facilita a contabilização de casos e permite o planejamento estratégico de ações policiais. “A ideia de criar desse código foi justamente para poder avaliar melhor o panorama em cada região e, se necessário, fazer um trabalho preventivo. Não só a prevenção policial, que é a secundária, mas também a primária, que envolve outros órgãos. Existia um clamor popular para isso”, diz o tenente-coronel Emerson Massera Ribeiro, porta-voz da Polícia Militar paulista.
A polícia já iniciou a implantação de medidas que visam reduzir esses números, em especial no Capão Redondo. Uma delas é a instalação de câmeras em uniformes dos PMs. Segundo testes, a medida inibe a continuação de ações violentas quando policiais chegam ao local de ocorrência.
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