Publicado em 20/02, às 11h50
Por Priscila Perez
Um abismo de desigualdades separa dois bairros em nossa região: enquanto a vila Brasilândia registra 13,4 mortes a cada mil crianças nascidas vivas, em Perdizes, a taxa de mortalidade infantil é de 1,1. Na Vila Jaguara, o índice é ainda pior: 16,2 mortes. É o que revela o Mapa da Desigualdade da Primeira Infância, relatório elaborado pela Rede Nossa São Paulo. Segundo o documento, esse índice pode ser até 23 vezes maior na periferia da capital. Em Marsilac, distrito no extremo sul da cidade, 24,6 crianças morrem antes de completar um ano.
Os dados estão diretamente ligados à realidade de cada distrito paulistano. Num bairro acolhedor, há equipamentos de lazer, saúde e educação, emprego e mobilidade. É este mix de serviços e infraestrutura (como coleta de lixo, esgoto e iluminação pública) que garante os direitos fundamentais a esses pequenos cidadãos desde o nascimento. “A mortalidade demonstra como a nossa desigualdade é sistêmica. Tem muito a ver com saúde, mas também tem tudo a ver com educação, tipo de habitação, mobilidade”, explica o coordenador-geral da Rede Nossa São Paulo, Jorge Abraão.
Em Perdizes, além do poder aquisitivo ser muito maior, o distrito concentra boas escolas, áreas verdes e unidades de saúde. Por outro lado, a Brasilândia – ainda em 2020 – é uma região muito carente de serviços, infraestrutura e políticas públicas transformadoras. Entre os bairros com as menores taxas da cidade estão Lapa (3,9), Leopoldina (5,1) e São Domingos (5,5). O índice é substancialmente maior nos seguintes distritos: Barra Funda (9,2), Perus (10,8), Pirituba (10,9), Freguesia do Ó (11,4) e Jaraguá (12,4). Já a Vila Jaguara tem o maior percentual de óbitos neonatais na região: 16,2 mortes a cada mil crianças.
De acordo com a Rede Nossa São Paulo, esses números são reflexo de baixos níveis de saúde, desenvolvimento socioeconômico e condições de vida.
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