Publicado às 8h50
Agência Estado
A chegada do período mais quente do ano, quando ocorrem as férias escolares e as festas de final de ano, coincide com a época de maior risco de contrair a febre amarela. Com cobertura vacinal abaixo da meta de 95%, o Estado de São Paulo está intensificando a campanha para evitar uma nova explosão de casos e mortes especialmente entre as pessoas que vão para o litoral – pela primeira vez desde o aparecimento dos casos, a região terá o vírus circulando durante o verão.
“Sabíamos que ia chegar ao Litoral Norte. No verão passado, a gente já tinha a certeza de que o vírus iria chegar à Mata Atlântica e incluímos, nos 54 municípios (que passaram a ter recomendação para a vacina), todo o Litoral Norte e a Baixada Santista. A entrada se antecipou com a chegada do vírus pelo Rio de Janeiro e começou entre março e abril deste ano”, relata Regiane de Paula, diretora do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE), órgão ligado à Secretaria de Estado da Saúde.
No Estado, a cobertura vacinal é de 65%, mesmo com a campanha em andamento, que vacinou 8 milhões de pessoas neste ano e 7,4 milhões no ano passado. A campanha continua em todos os municípios.
A doença é transmitida por mosquitos silvestres e, neste ano, 502 pessoas contraíram o vírus no Estado (casos autóctones), das quais 175 morreram. No Litoral Norte, já foram contabilizados 14 casos com cinco mortes nos municípios de São Sebastião e Ubatuba. Já na Baixada Santista, foram quatro casos com três óbitos em Itanhaém, Peruíbe e no Guarujá. Em alguns desses municípios, a meta de vacinação já foi superada, caso de Caraguatatuba (99%) e Ubatuba (97%).
O arquiteto de inteligência de negócios Carlos Handerson Araújo Marques, de 31 anos, está com duas viagens marcadas para o final do ano e quer tomar a vacina ainda nesta semana. “Vou passar o Ano-novo em Ubatuba e estou preocupado.”
O risco de infecção ao visitar uma área de risco sem estar imunizado é real. No caso da capital, onde apenas 58,5% da população está vacinada, a maioria dos casos contabilizados neste ano foi contraída em outras localidades. “Em 2017, só tivemos casos importados. Foram pessoas que foram para áreas de risco e se contaminaram. Em 2018, no total, são 120 casos de febre amarela e 107 foram importados. A maioria foi de pessoas que foram para Mairiporã e Atibaia”, afirma a coordenadora de imunização da Secretaria Municipal de Saúde Maria Lígia Nerger.
Entre as pessoas que tiveram a doença neste ano, 28 morreram. No ano passado, foram 14 mortes. “A febre amarela é de circulação nos meses quentes e chuvosos, como é o verão, e a gente precisa vacinar a população antes da circulação do vírus. Existe uma preocupação maior com as pessoas que vão viajar para áreas de risco.”
Perguntas e respostas sobre a febre amarela
1. Quem pode tomar a vacina da febre amarela?
Todas as pessoas acima dos 9 meses de idade têm recomendação para a vacina. “Se for viajar, deve tomar, no mínimo, dez dias antes”, recomenda Alberto Chebabo, infectologista do Delboni Auriemo, laboratório do Grupo Dasa.
2. Para quem a vacina não é recomendada?
Pessoas com doenças que afetam o sistema imunológico ou que fazem tratamento com medicações imunossupressoras, como pacientes que fazem quimioterapia. Também não é recomendada para menores de 6 meses.
3. Quais os riscos de tomar a vacina?
Como é feita com vírus vivo atenuado, ela pode causar efeitos colaterais, inclusive reações graves que podem causar a morte, mas é raro. A possibilidade de ter a doença é maior do que a de ter eventos adversos. “A febre amarela é uma doença que não tem cura”, diz Chebabo.
4. Qual a importância de tomar a vacina?
A vacina é a forma mais eficaz de se proteger contra a doença. Quem não pode tomar, deve usar repelente e roupas claras e com mangas compridas.
5. Quem já tomou a vacina, precisa repetir?
Segundo o Ministério da Saúde, a dose integral da vacina imuniza para a vida inteira. No caso da fracionada, a proteção é por até oito anos.
6. Onde posso me vacinar?
As doses gratuitas estão disponíveis em postos de saúde de todo o Estado de São Paulo. Na capital, é possível tomar a vacina não só durante a semana. Há 80 postos espalhados pela cidade que vacinam todos os sábados. A relação está disponível no site da Prefeitura.
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