Publicado em 17/8/2020 às 11h41
Por Soninha Francine
Eles têm nome
Pequenos gestos de solidariedade fazem toda a diferença para quem vive na rua
Elas costumam ser chamadas de “invisíveis”, embora estejam presentes em locais públicos e muito frequentados: são as pessoas em situação de rua. A cor das roupas, cobertores e pedaços de papelão ajudam a “escondê-las” no cinza das calçadas. Ainda assim, invisíveis elas não são.
Alguns bem que tentam ignorá-las, mas não são poucos os que se compadecem do sofrimento e se sentem impotentes. Talvez seja o seu caso; conheço muita gente que pensa muito em fazer algo pela população de rua, mas não sabe por onde começar.
Um bom caminho é procurar quem já faz. Se você tem vontade de distribuir alimentos ou cobertores, não precisa “começar do zero”. Inúmeras igrejas, ONGs ou grupos de amigos já o fazem e você pode se unir a eles. Uma postagem no Face pedindo sugestões ou uma pergunta nos grupos de zap há de surtir efeito.
Nem todos têm tempo ou condições de sair à rua em atividades assim, mas quase todo mundo sai pra rua alguma hora, mesmo na quarentena! Minha dica para quem quer ajudar as pessoas “de rua” é muito simples: saia de casa preparado para um gesto de atenção e generosidade. O povo da rua não precisa só de comida, agasalho e cobertor. Há coisas que fazem muita diferença para eles e cabem na mochila, na bolsa, em uma sacola no banco do carro. Uma garrafa de água, um par de meias, roupas de baixo, aparelho de barbear, absorvente feminino… Gibis e revistas; lápis e papel!
Como quebrar o gelo? Um “boa tarde” faz maravilhas! Para oferecer algo de maneira respeitosa (sim, até uma doação pode ser feita de um jeito malcriado), recomendo perguntar: “aceita?”. Você pode receber uma resposta enviesada (não acontece até no elevador do prédio?). Mas é provável que receba uma reação mais calorosa do que esperava.
Eu gosto de algo básico, capaz de produzir uma transformação vital no relacionamento entre conviventes de uma rua, bairro ou cidade (que também falta até entre vizinhos): saber o nome. “Prazer, eu sou a Sonia, e você.” Experimente! E depois conte pra gente .
Soninha Francine é jornalista e vereadora pelo Cidadania.
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