Publicado às 11h45
Agência Record/R7
Apesar dos esforços da Prefeitura de São Paulo para diminuir a espera para realização de exames, as consultas médicas viraram o novo vilão da saúde e a fila de espera já reúne 894.870 pessoas que aguardam por uma consulta com médico especialista. Os números foram obtidos por meio da lei de acesso à informação.
Grande parte destas consultas são para avaliações da necessidade de realização de cirurgias.
Ortopedia, oftalmologia, neurologia, cardiologia e endocrinologista são as especialidades com maior número de pacientes aguardando por atendimento, são 302.371 pessoas, o equivalente a 39% do total de pacientes na fila de espera da rede pública de atendimento da prefeitura.
Geovana, filha da cabeleireira Daniela Cristina da Silva Araujo, 31 anos, tem apenas um ano de idade, mas há 3 meses aguarda por uma consulta com cardiologista ao lado de outras 47.864 pessoas que também estão na fila de espera para a especialidade médica.
A filha de Daniela foi operada emergencialmente em fevereiro de uma cardiopatia e, desde então, a mãe tenta uma consulta para iniciar o acompanhamento pós-operatório, mas não tem nenhuma previsão de atendimento. “Hoje, ela não teve nenhuma crise e está reagindo bem ao pós operatório, mas é muita demora, um descaso”, diz Daniela.
Já na família de Vanderlucia Jacinto do Nascimento, outra recém nascida, sua neta Heloísa, de 7 meses, aguarda há mais de 30 dias por uma consulta com o oftalmologista. Outras 71.868 pessoas também aguardam por uma consulta com um oftalmologista na cidade de São Paulo.
“Ela tem estrabismo vísivel e sabemos que se ela já iniciar o tratamento, tem uma maior chance de correção do problema sem a necessidade de cirurgia”, diz Vanderlúcia.
Fila para Cirurgia
Existe ainda uma demanda de 117.901 pessoas que esperam uma consulta médica para fazer uma avaliação de necessidade de cirurgia. A espera por uma cirurgia geral concentra a maior demanda da fila, com 44.902 pessoas.
Corujão da Saúde
Mesmo o esforço da prefeitura para tentar solucionar a fila de exames, com a iniciativa do “Corujão da Saúde”, parece não ter resolvido o problema. Ainda existem 92.917 pessoas na fila de espera para exames de ultrassonografias, ecocardiografias, tomografias, ressonâncias, mamografias e densitometrias.
Magno Gonçalves Reis, de 33 anos, espera há 9 meses para fazer uma endoscopia. “Cheguei a ir atrás, insistir, reclamar na ouvidoria, mas depois de tanto tempo eu desisti e parei de ir atrás, quem sabem um dia eles chamem”, diz Magno.
Ao menos sete tipos de exames, principalmente tomografias e ultra-sonografia de locais específicos do corpo humano tem uma fila de espera superior a 90 dias. O tempo médio para realização de exames tem sido de 57 dias.
Outro lado
A Secretaria Municipal de Saúde, em nota, afirma que tem “empreendido um grande esforço para realizar todas as avaliações em espera” e que “vem fazendo um trabalho para resolver a demanda por cirurgias”. A pasta se comprometeu ainda em “atender os 68 mil pacientes que esperavam avaliações de cirurgia geral, ginecológica, proctológica, urológica, vascular e cabeça e pescoço” até o fim deste ano.
Sobre a demanda de exames, a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo afirmou que o programa “Corujão da Saúde” continua em uma nova fase que “segue agora no sentido de gerenciamento da demanda atual para evitar represamento, como ocorrido no final de 2016” e que “o tempo de espera para os exames tem variado de acordo com a demanda”, mas que “no geral, tem conseguido manter a espera em torno dos 60 dias”.
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