Publicado em 06/03, às 12h40
Por Priscila Perez
A batalha jurídica envolvendo os guaranis do Jaraguá e a construtora Tenda segue a todo o vapor. Em busca de conciliação, a Justiça promoveu uma audiência na última quarta-feira, 4 de março, na 14ª Vara Federal, mas não houve diálogo.
Os vereadores Eliseu Gabriel e Eduardo Suplicy participaram da reunião ao lado da comunidade indígena, encabeçada por Thiago Karai Jekupe, com o objetivo de assegurar a integridade física dos guaranis, que seguem acampados no terreno da Tenda – sob a iminência de uma ação de reintegração de posse (prevista para o dia 10 de março) –, e reforçar o apelo em defesa do território jaraguense. “É uma luta difícil, mas estamos tentando um diálogo com a Prefeitura. Ela faria um parque no local e indenizaria a construtora”, sugere Eliseu. “Qualquer entendimento deve ser no sentido de preservar e garantir o desenvolvimento da aldeia guarani no Jaraguá”, complementou Suplicy.
Porém, o imbróglio ainda está longe do fim. Como não houve conciliação, a justiça estadual promoverá um novo encontro para debater a ocupação guarani e o futuro do terreno no Jaraguá, que pertence legalmente à construtora – embora seja uma ZEIS (Zona Especial de Interesse Social) dentro de uma área de preservação ambiental. Segundo Suplicy, os parlamentares, por meio das comissões de Educação, Cultura e Esportes e Constituição, Justiça e Cidadania da Câmara Municipal, estão articulando uma audiência pública com a participação de representantes da Tenda, da comunidade indígena e da Prefeitura de São Paulo para ampliar o diálogo entre as partes. A ideia é que os secretários do Verde e da Habitação também estejam presentes nessa reunião. Além disso, em até dez dias, a construtora deverá encaminhar aos índios e entidades ligadas ao caso, como Ibama e Funai, um detalhamento acerca do projeto imobiliário previsto para o Jaraguá. “Em abril, provavelmente no dia 16, teremos uma nova reunião em busca de uma conciliação”, destacou o vereador.
“Vamos permanecer no local”
Na data prevista para a ação de reintegração de posse, a comunidade indígena prevê a realização de eventos e atividades culturais no terreno da Tenda, com apoio de coletivos locais, para o enfrentamento desta situação. Para todos que estão acampados no local, este é “um momento crucial de resistência e sobrevivência”. “Que as energias e forças de Nhanderu e dos Guardiões da Floresta não permitam que o caso chegue até o dia 10 em um quadro de carnificina promovido pelos órgãos”, destaca o grupo. Dispostos a permanecerem no local, os guaranis estão convocando toda a população da região, sobretudo pelas redes sociais, para que juntos estabeleçam uma força de resistência no Jaraguá. “Tanto o Ministério Público quanto a Justiça Federal não vão intervir nessa ação de reintegração de posse. Estamos por nós mesmos. A Tenda vai ficar com o sangue do povo guarani, porque vamos resistir”, disse o líder indígena em frente ao fórum da Paulista. “Não estamos lutando pela posse daquela terra, e sim pela sua preservação.”
Adicione Comentário