Publicado às 10h25
G1 São Paulo
A coleta seletiva teve redução de 13% na cidade de São Paulo em 2018, segundo levantamento feito pela Associação das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe).
Foram coletadas 76.907 toneladas de lixo reciclável no ano passado na capital, contra 87.921 toneladas em 2017.
A Prefeitura diz que passou a coletar menos porque parte do que ela recolheria acaba indo direto para as mãos de catadores, cooperativas e empresas especializada em juntar garrafas de vidro descartadas em bares da cidade.
Isso apesar de São Paulo ter a maior central de triagem da América Latina, que segue trabalhando com capacidade ociosa.
A Prefeitura também afirma que a crise, que desestimulou o consumo, também afetou a coleta de recicláveis.
O ambientalista Carlos Bocuhy, presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental, rebate. Segundo ele, com índices de reciclagem tão baixos, há material de sobra para todos coletarem e crescerem.
Além do poder público, ele ressalta a responsabilidade da indústria nesse processo. “Se o Estado não cumpre o papel de cobrar o setor produtivo e também de oferecer condições para a população para exercer essa coleta e essa reciclagem, você vai ter uma quebra de todo o processo. Se a população não contribui, também não devolvendo o material para os pontos de coleta e até para a indústria, você vai ter uma quebra. E se a indústria não faz o produto adequado à reciclagem, você também tem uma quebra”, disse.
País
Apenas nove capitais têm índices de reciclagem acima da média nacional de 3%, segundo o último panorama de resíduos sólidos, feito em 2017 pela Associação das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais:
- Florianópolis: 6%
- Palmas: 6%
- Goiânia: 5,7%
- Porto Alegre: 5,4%
- João Pessoa: 5%
- Curitiba: 4,9%
- Brasília: 4%
- Recife: 3,56%
- Maceió: 3,41%
A capital paulista, que é a maior produtora de resíduos –tanto no volume total quanto na geração per capita– recicla apenas 3% do que coleta. Apesar de estar na média nacional, São Paulo ocupa o 10º lugar no ranking das capitais que mais reciclam.
Segundo o levantamento da Abrelpe, 70% dos municípios têm iniciativas de coleta seletiva. Mas ainda há muitas cidade sem preocupação nenhuma com reciclagem.
Os municípios das regiões Centro-Oeste, Nordeste e Norte são os mais carentes dessas iniciativas.
- 55,2% – Centro-Oeste
- 49,7% – Nordeste
- 40% – Norte
- 12,2% – Sudeste
- 9,5% – Sul
Já entre as capitais que reciclam menos de 1% do total coletado estão Aracaju, Porto Velho e São Luís.
- Aracaju: 0,9%
- Porto Velho: 0,8%
- São Luís: 0,7%
- Salvador: 0,5%
- Belém: 0,4%
- Rio Branco: 0,4%
- Terezina: 0,2%
Para Carlos Silva Filho, diretor-presidente da Abrelpe, a gestão do lixo precisa de engajamento da população, empresas e do poder público.
“Nós temos um conjunto de ações para fazer dar certo a gestão de resíduos. Começando com um elemento fundamental que é o cidadão, é a pessoa. Se cidadão não estiver adepto, aberto a participar de um sistema de gestão de resíduos, principalmente de reciclagem, esse sistema não funciona”, disse.
“Por outro lado, precisamos também de recursos para financiar sistema. Muitas vezes a venda do material reciclável não paga custo da logística. E por fim precisamos que esse tema seja uma política efetiva dos governos municipais, estaduais e federal.”
Em nota, a Autoridade Municipal de Limpeza Urbana de São Paulo informou que, de janeiro a junho deste ano, foram colhidas mais de 39 mil toneladas de materiais recicláveis, um aumento de 2,5% em relação ao mesmo período do ano passado.

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