REGIONAL

Ocupação no Jaraguá: Justiça promove audiência para resolver impasse entre índios e construtora

Publicado em 04/03, às 12h25

Por Priscila Perez

O imbróglio envolvendo a comunidade indígena do Jaraguá e a construtora Tenda ainda está longe de um desfecho. Empenhados em preservar a área verde e impedir que mais árvores nativas venham ao chão, os guaranis seguem acampados no terreno numa longa vigília contra o desmatamento. Não pretendem sair de lá, nem quando a ordem de reintegração de posse for executada pela Polícia Militar – o que deve ocorrer na próxima terça-feira, 10 de março.

Árvores ao chão no terreno do Jaraguá. Foto: Reprodução/Nair Benedicto/N Imagens.

Enquanto isso, a batalha segue na Justiça: nesta quarta, às 14h, haverá uma audiência de conciliação na 14ª Vara Federal, na Avenida Paulista, 168. Representantes dos índios, da OAB, do CIMI (Conselho Indigenista Missionário) e da própria construtora estarão presentes nesta reunião que abordará a ocupação guarani. Do lado dos índios, o objetivo é mostrar à Justiça que a luta em nada tem a ver com a posse do terreno, que legalmente pertence à construtora. Segundo eles, trata-se da preservação desse cinturão verde em solo jaraguense. A verdadeira luta, destacam os guaranis, é pelo reconhecimento da originalidade do território, pela preservação da natureza e do Nhanderekó Guarani (modo de vida e cultura).

Eles também defendem a criação do Parque Ecológico YARY TY (CEYTY) e Memorial da Cultura Guarani. Na internet, há um abaixo-assinado em defesa da proposta, atualmente com 44.383 assinaturas. O futuro centro seria construído na Rua Comendador José de Matos, 139.

Ocupação no Jaraguá. Foto: Reprodução/Rovena Rosa/Agência Brasil.
Reintegração de posse

Na data prevista para a ação de reintegração de posse, a comunidade indígena prevê a realização de eventos e atividades culturais no terreno da Tenda, com apoio de coletivos locais, para o enfrentamento desta situação. Para todos que estão acampados no local, este é “um momento crucial de resistência e sobrevivência”. “Que as energias e forças de Nhanderu e dos Guardiões da Floresta não permitam que o caso chegue até o dia 10 em um quadro de carnificina promovido pelos órgãos”, destaca o grupo. Dispostos a permanecerem no local, os guaranis estão convocando toda a população da região, sobretudo pelas redes sociais, para que juntos estabeleçam uma força de resistência no Jaraguá.

Na internet, o grupo ainda aponta a utilização de armamentos não letais e de impacto controlado, como “armas de choque” e VANT (Veículo Aéreo Não Tripulado) pela Polícia Militar na porvindoura ação de reintegração de posse (prevista para o dia 10).

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