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Vídeo mostra PMs agredindo folião em bloco de carnaval na Barra Funda

Vítima desmaiou, levou pontos na boca e está com corpo cheio de hematomas. Porta-voz da corporação disse que policiais foram afastados e apura o caso

Publicado às 10h20

G1 São Paulo

Um grupo de policiais militares foi flagrado agredindo um folião durante a passagem do bloco Largadinho, da Claudia Leitte, na tarde deste sábado (9), na Avenida Marquês de São Vicente, na região central de São Paulo. Chovia forte no momento e o carnaval precisou ser interrompido.

As imagens mostram os policiais militares arrastando Guilherme Kieras, 29 anos, para perto das viaturas. Um deles dá um soco na boca de Guilherme, que continua sendo arrastado e agredido.

Em outro caso de violência policial, PMs usaram balas de borracha, bombas de gás lacrimogêneo e spray de pimenta para dispersar integrantes de um bloco na Barra Funda, na noite de terça-feira (5). O governador João Doria (PSDB) chegou a apoiar a ação policial, mas mudou de opinião.

A cena começou na frente na marquise de uma churrascaria. Guilherme e seu amigo, João Henrique Félix, 27 anos, foram se abrigar da chuva. Quando chegaram, vários policiais militares já estavam no local. Eles pediram para que os dois saíssem.

Os amigos disseram que obedeceram e correram para se abrigar sob uma árvore. Foi então que os policiais foram até eles e disseram que os dois não poderiam permanecer ali também.

“Nós estávamos no meio do bloco na Barra Funda e já estava quase no final. Começou a chover muito, então, o povo começou a se abrigar embaixo de marquises, embaixos de ponto de ônibus para tentar fugir da chuva. Eu e um amigo saiu em busca de abrigo e a gente encontrou uma marquise de um restaurante que tinha próximo ali do bloco, nós tentamos ficar embaixo”, disse Guilherme.

Segundo ele, os policiais pediram para eles saírem do local. “Alguns policiais tinham cercado aquela área como deles, então eles preferiam que as pessoas não invadissem, então eles não deixaram que a gente entrasse. A gente tentou entrar elas falaram: não, vocês não podem entrar aqui. A gente não questionou e andou por mais alguns dois ou três metros, onde tinham algumas árvores e a gente se alojou embaixo delas e se abraçou para se proteger do frio.”

Guilherme contou que foi neste momento que começou a ser agredido. “Uns policiais foram até a gente e um deles falou que ali também não podíamos ficar. Eu questionei já que não estava atrapalhando o trabalho dos policiais, não tinha ninguém por ali e não havia nenhum problema aparente. Nisso nós fomos respondidos com cacetadas, eles saíram correndo atrás da gente. Meu amigo foi para um lado, eu fui para o meio da multidão, meu amigo caiu no chão mas conseguiu se safar da polícia depois de levar algumas porradas.”

O publicitário, que é conhecido nas redes sociais como Guigo Quieras e tem mais de 100 mil seguidores, disse que foi torturado. “Acabei sendo pego, fui arrastado até uma rua afastada, onde estavam os carros da PM estacionados. Ali foram socos, pontapés, porrada na boca, mata-leão, foi uma sessão de tortura.”

Ele levou três pontos na boca e teve de esperar seis horas na delegacia para registrar o Boletim de Ocorrência. Ele fez exame de corpo delito. Os dois amigos estão cheios de marca de cassetetes pelo corpo.

Policiais foram afastados

Segundo o capitão Osmário Ferreira, porta-voz da PM, os policiais que aparecem no vídeo foram afastados. “Durante o carnaval, somente neste final de semana, tivemos 10 mil policiais em serviço em toda a capital, a gente tem certeza que esse é um fato isolado. Lamentamos o fato, assim que tivemos conhecimento do fato já instauramos de pronto um inquérito policial militar e os policiais permanecerão afastados até a sua conclusão.”

Ferreira disse que “dentro da missão da Polícia Militar, um dos principais pontos é proteger a vida, fazer cumprir a lei, também cumprir a lei e sempre combatendo o crime.”

Perguntado se houve excesso dos policiais, o porta-voz da PM disse que “isso será investigado durante todo o processo. As imagens foram encaminhadas para o 4º Batalhão, que já instaurou inquérito policial militar, uma autoridade analisará todos os fatos e tomará todas as providências. Os policiais já foram afastados e estão sendo ouvidos”.

Outro caso

Policiais militares usaram balas de borracha, bombas de gás lacrimogêneo e spray de pimenta para dispersar integrantes de um bloco na Barra Funda, Zona Oeste de São Paulo, na noite desta terça-feira (5). Após a ação, um dos PMs, que estava sem identificação, ameaçou uma das vítimas: “Não tenho cerimônia em quebrar cara de mulher”, afirmou.

governador João Doria (PSDB) mudou de opinião em relação à ação de policiais militares que usaram borracha, gás lacrimogêneo e spray de pimenta na dispersão de foliões após o fim do bloco.

Antes de ver as imagens, Doria havia afirmado que considerava “correta” a ação policial. “O que nós condenamos é o que esse grupo fez e as ameaças que promoveu. A polícia agiu de forma correta, pronta resposta. De forma correta e preventiva, sem violência, usando os instrumentos que o protocolo estabelece. O que errou foi na ameaça feita depois no posto policial, isso sim foi objeto de uma orientação minha e do secretário da Segurança Pública do estado de São Paulo General Campos no sentido de uma ação disciplinar que já foi feita pelo Coronel Salles, chefe do Comando Policiamento Militar do estado”, disse Doria, na quinta-feira.

Depois de ver as imagens da ação policial divulgadas pelo G1, Doria mudou de opinião e enviou um novo posicionamento condenando o excesso. Doria disse que solicitou a apuração rigorosa para apontar eventuais excessos dos policiais e reforçou junto ao comando da Polícia Militar o pedido de afastamento imediato do policial que agrediu verbalmente uma moça e do acompanhamento de perto do caso por parte do secretário de Segurança Pública, General João Campos.

Veja nota do Palácio dos Bandeirantes:

“O governador João Doria ao ser questionado pela imprensa na coletiva desta tarde deixou claro que não tinha assistido as imagens do episódio envolvendo os policiais. 

Após ter acesso ao conteúdo das imagens, João Doria determinou apuração rigorosa para apontar eventuais excessos dos policiais; reforçou junto ao comando da Polícia Militar o pedido de afastamento imediato do policial que agrediu verbalmente uma moça e do acompanhamento de perto do caso por parte do secretário de Segurança Pública, General João Campos.”

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E assim foi o final do meu bloco neste último sábado. Fui na companhia de alguns amigos no bloco Largadinho, na Barra Funda. Estava muito feliz pois sou fã da Claudia Leitte e tudo estava muito leve e descontraído. Quase no final do circuito, uma chuva muito forte começou, obrigando o público a procurar por abrigo. Tentei com um amigo me abrigar embaixo de uma marquise na Avenida Marques de São Vicente, onde um grupo de policiais militares se protegiam e fomos impedidos, um dos policiais informou que não podíamos ficar ali, sem questionar saímos e andamos mais alguns metros, nos alojando embaixo de uma árvore próxima dessa marquise, onde não havia ninguém e fiquei abraçado com ele para me proteger do frio, nisso um policial começou a gritar dizendo que ali também não podíamos ficar, eu questionei porque não havia motivo aparente para não poder, fomos em seguida perseguidos por 4 a 5 PMs que nos batiam com cassetetes, chegando a me perseguir na rua, me levar a força para uma rua afastada, onde levei socos, chutes e fui desacordado por uma mata-leão. A última coisa que lembro antes de perder a consciência foi de pedir para não morrer, e segundos após acordar, me recordo de pedir pra ir embora. Fui chutado para a rua, onde, sangrando muito pela boca e rosto, saí em busca de ajuda. O que mais me dói não é o que passou comigo, mas é saber que essa é a realidade de milhares de jovens brasileiros, que dependem desses profissionais despreparados e desequilibrados. Precisamos de segurança, de respeito, e, principalmente, de mais amor no coração. Tá difícil…

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