Publicado às 9h15
Estadão
A duas semanas do fim da campanha nacional de vacinação, o Estado de São Paulo já corre o risco de enfrentar uma epidemia de gripe durante o inverno, por causa da baixa procura pelo imunizante. A previsão é de aplicar a vacina em 10,7 milhões de pessoas, integrantes dos grupos de risco, mas até a quinta-feira, 17, somente 4,3 milhões – cerca de 40% – tinham sido imunizadas. No País, a situação não está muito melhor: a taxa é de 50%.
Neste ano, no Estado, foram registrados 146 casos de síndrome respiratória grave causada pelo influenza, dos quais 25 resultaram em morte. Mas a primeira grande frente fria, com forte redução da temperatura e características da estação mais fria, só chega ao Estado neste fim de semana, já com previsão de geada na Serra da Mantiqueira.
De acordo com o coordenador de Saúde do Estado, Marcos Boulos, os números ainda são menores que os do ano passado, quando houve 1.021 casos e 200 óbitos, mas preocupam porque o período propício à doença está no início. “Estamos com um número importante de casos e vai começar, ou já está começando, uma epidemia. Vamos ter um aporte grande casos em junho e o ápice em julho, durante o inverno.”
Imunização
Segundo ele, a melhor maneira de prevenir a doença é a vacinação. “Temos de aumentar a cobertura nos grupos de risco, que está muito baixa”, observa Boulos. “Temos cobertura um pouco maior que 50% dos idosos, mas o porcentual de crianças vacinadas está em torno de 27%, o que é bem baixo. Não atingimos o nível desejado nem entre os profissionais de saúde.”
O índice mais baixo de vacinação, conforme o coordenador estadual, encontra-se entre as gestantes, em torno de 20%. “Há médicos que não indicam a vacinação para grávidas, o que nos parece um erro.” Conforme o coordenador, a secretaria ainda pretende continuar a vacinação na rede pública enquanto houver vacina – a campanha nacional termina no dia 1º.
Neste ano, o Instituto Butantã enviou 60 milhões de doses ao Ministério da Saúde para serem usadas em todo o Brasil. Considerando os dados do ministério até esta sexta-feira, 18, ainda falta imunizar 28,4 milhões de pessoas – de um público-alvo inicial de 54,4 milhões.
Prevenção contra a gripe
A vacina previne contra os vírus influenza A (H1N1), A (H3N2) e B. “A vacinação é fundamental para evitar as complicações decorrentes da gripe, que podem se tornar muito graves.”, diz Boulos. Ele destaca que a vacina não provoca gripe em quem a toma, pois é feita com fragmentos do vírus, que apenas protegem o organismo contra a doença.
Celso Granato, professor de infectologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), explica que é importante que a imunização seja feita anualmente, uma vez que os subtipos dos vírus da gripe mudam – os diferentes causadores circulam pelo mundo e sofrem mutações com frequência.
O especialista ressalta que a cobertura vacinal no Brasil não costuma ser muito alta, e ele teme que a preocupação com a vacina da febre amarela tenha interferência no comportamento. “As pessoas estavam preocupadas com os efeitos colaterais.” Na prática, porém, a resistência à vacinação continua.
As chances de contrair o vírus são iguais para todos, mas as complicações atingem mais as crianças e os idosos. “Crianças com menos de 2 anos não têm memória imunológica, ou seja, não têm defesas que os adultos já adquiriram contra a gripe. Já os idosos podem ter complicações por causa de doenças crônicas”, completa Granato.
Quem deve, por orientação médica, tomar a vacina contra a gripe?
Quem sofre de doença respiratória crônica, doença cardíaca crônica, doença renal crônica, doença hepática crônica, doença neurológica crônica, diabete, imunossuprimidos, obesos, transplantados e portadores de trissomias, como a síndrome de Down.
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